A história da participação das mulheres na política brasileira ainda está no começo, se considerarmos que a conquista do voto feminino ocorreu tardiamente em 1932, no processo Constituinte que sucedeu a Revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas. Até então, as mulheres eram consideradas menores de idade, como os índios, sem direitos mínimos, elementares, como trabalhar fora, por exemplo, dependendo da autorização de seus pais e, depois de casadas, de seus maridos. Mas a luta pelos direitos das mulheres já era antiga e teve na figura da maestrina Chiquinha Gonzaga um verdadeiro marco, na virada do século 19 para o século 20.
Chiquinha separou-se do marido, numa época em que a separação era vista como um atestado de morte; mas ela foi à luta, trabalhou como pianista e professora de música, tornou-se uma maestrina e compositora consagrada, criou seus filhos, reconstruiu sua vida afetiva e morreu no auge da glória, como uma liderança nacional, na luta pelos direitos autorais dos músicos. Hoje, em pleno século 21, Chiquinha talvez tivesse dificuldade para participar da política do país, onde uma minoria de mulheres consegue se eleger para cargos legislativos e raramente para os do Executivo, com absoluta exceção à eleição de governadoras e da presidenta Dilma.
A verdade é que ainda vivemos sob o jugo da diferença entre homens e mulheres, no salário, no trabalho, na sociedade, na política, no dia a dia. Daí a importância de não esquecer o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, que marca a luta das operárias em 1857, em Nova York, durante uma greve numa fábrica de tecidos, por melhores condições de trabalho, como a redução na carga diária de trabalho para 10 horas, numa época em que as fábricas exigiam 16 horas e equiparação de salários com os homens, quando as mulheres chegavam a receber apenas um 1/3 do salário do homem, na mesma função.
A manifestação das mulheres foi reprimida violentamente; elas foram trancadas e incendiadas dentro da fábrica; cerca de 130 tecelãs morreram. Porém, somente em 1910, durante a Conferência da Internacional Socialista, na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser comemorado como Dia Internacional da Mulher. Em 1975, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas) no mundo inteiro, fomentando a realização de conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade porque, apesar das conquistas, ainda há muito o que fazer.
No Brasil, junto com o voto feminino, as mulheres conquistaram o direito de se candidatar a cargos políticos. Assim, nas eleições de 1933, foi eleita a Dra. Carlota de Queirós, primeira deputada federal brasileira. Em 1979, Eunice Michiles tornou-se a primeira senadora. De 1982 a 1985, Esther Ferraz ocupou a pasta da Educação e Cultura, como ministra. E em 1989, pela primeira vez uma mulher concorreu ao cargo de presidente da República: Maria Pio de Abreu. Em 1995, foi eleita a primeira governadora no país, Roseana Sarney, no Maranhão, e somente em 2010 a primeira presidenta do Brasil: Dilma Rousseff. Todas são emblemáticas; símbolos da ascensão das mulheres na política brasileira. Como também aqui, em Saquarema, a eleição da vereadora Taeta, em seu 5º mandato, e da prefeita Franciane Motta, nas últimas eleições municipais, são avanços na vida política do município.
Artigo publicado na edição de março de 2011 do jornal O Saquá (edição 131)