A diretora Eunice Guttman com Maria Prestes durante uma filmagem no CEDIM. Foto: Dulce Tupy.
O Conselho Estadual dos direitos da Mulher (CEDIM/RJ) lançou um filme sobre a vida da viúva do líder Luiz Carlos Prestes, Maria Prestes, para comemorar o Dia Internacional da Mulher, 8 de março. A iniciativa faz parte do Projeto Memória Viva, do Espaço Cultural Heloneida Studart, que visa estimular a produção feminina, com foco na preservação da memória de mulheres que se destacaram na construção de uma sociedade justa e igualitária. Com 9 anos de existência, o projeto constituiu um substancial acervo histórico, com depoimentos de Elza Monerat (ativista política); Vó Rosa (líder quilombola); Norma Geraldy (atriz); Jacqueline Pitanguy (socióloga); Benedita da Silva (ex-governadora); Miriam Leitão e Ana Arruda Callado (jornalistas); Rose Marie Muraro (escritora); Ruth de Souza (atriz); Nélida Piñon (escritora) e outras mulheres.
Criado em 1987, como resultado de uma reivindicação do movimento feminista, o CEDIM/RJ foi um dos primeiros conselhos de direitos da mulher do país e hoje faz parte da Superintendência dos Direitos da Mulher da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos. Com sede num prédio construído em 1907, tombado pelo Patrimônio Histórico, na zona portuária do Rio, o CEDIM é uma referência no movimento feminista.
O filme tem roteiro e direção da cineasta Eunice Gutman, autora de Amores de Rua (sobre prostituição), A Rocinha tem Histórias (sobre a infância na favela), Vida de Mãe é Assim Mesmo (sobre direitos reprodutivos) e Feminino Sagrado (sobre o espaço da mulher nas religiões). Com pesquisa feita pela historiadora Isabel Miranda, o filme registra a trajetória de uma das personagens mais resistentes na luta da mulher brasileira, a partir do emocionante depoimento de Maria Prestes, designada em 1952 para fazer a segurança de Luis Carlos Prestes. Maria acabou se tornando companheira de Prestes e mãe de seus filhos.
Dona de uma biografia marcada desde cedo pela luta ideológica, clandestinidade e exílio, Maria conta o que viveu nos bastidores da história política da esquerda nacional e internacional, na segunda metade do século XX. O filme tem depoimentos do jornalista Maurício Azedo, presidente da ABI, da professora Rosa, que trabalhou no projeto de implantação dos CIEPs, e da jornalista Dulce Tupy, com quem Maria Prestes atuou no movimento popular, tendo sido fundadora da AMA-Barra Nova e da Federação das Associações de Moradores e Amigos de Saquarema (FAMOSA), nos anos 90.
Matéria publicada na edição de abril de 2011 do jornal O Saquá (edição 132)