Depois do jeito petista de governar, mais conhecido como mensalão, que até hoje o Supremo Tribunal Federal não conseguiu destrinchar, eis que surge o jeito petista de educar, através do lançamento do livro “Por uma vida melhor”, da coleção “Viver e Aprender”, com tiragem de 485 mil exemplares distribuídos pelo Programa Nacional do Livro Didático em 4236 escolas públicas do Ensino Fundamental (6ª a 9ª série) do EJA (Educação de Jovens e Adultos) em todo país. O livro “Por uma vida melhor” defende o uso da linguagem popular, com erros grosseiros do tipo “nós pega o peixe” e “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado”, além da troca dos conceitos “certo e errado” por “adequado e inadequado”. A autora do livro, Heloísa Ramos, ao ser indagada “mas a gente pode falar os livro” respondeu taxativa: “Claro que pode, mas fique atento porque você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico”.
O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vilaça criticou a adoção, pelo Ministério da Educação, do livro que aceita o uso da linguagem popular com erros como “nós pega o peixe”: Discordo completamente do entendimento da autora do livro. Uma coisa é compreender a evolução do idioma, que é um organismo vivo, e outra é validar erros grosseiros. É uma atitude de concessão demagógica. É o mesmo que ensinar tabuada errada. Quatro vezes três é sempre 12 na periferia ou no palácio. Já a procuradora do Ministério Público Federal, Janice Ascari, prevê que o MEC enfrentará ações judiciais por distribuir um livro didático que aprova o uso de linguagem popular com erros grosseiros de Português: “Estão cometendo um crime contra os jovens, prestando um desserviço à educação e desperdiçando dinheiro público com material que emburrece em vez de instruir.” Um assessor anônimo do ministro Fernando Haddad disse à imprensa que “não cabe ao MEC decidir o que é certo e o que é errado e nem mesmo fazer análise do conteúdo dos livros didáticos.” Ora pombas! Então o MEC existe para fazer o quê em relação ao ensino no país?
O uso, pela autora do livro, da expressão “preconceito linguístico” desperta a suposição de que sua teoria tem por objetivo familiarizar a maneira de falar do ex-presidente Nunca na História deste País. Agora, pretender transformar um defeito, uma falha na educação formal do ex-presidente em coisa meritória é um desserviço à população. Mas os erros de Português do ex-presidente não podem ser considerados como mérito porque foram transformados em instrumentos de uma política populista com a irresponsável consequência de deseducar a população. É uma dos itens inseridos na estratégia de marketing, visando desvalorizar o estudo com frases como “não sei por que estudou tanto se eu fiz mais do que ele” ou quando o ex-presidente se mostra como exemplo de que é possível subir na vida sem estudar. Se o desdém pela norma culta do português sinaliza uma política de Estado, então estamos caminhando, a passos largos, para um problema social e econômico, pois baixo nível da educação condena o estudante à pobreza através da desqualificação para a vida profissional.
Artigo publicado na edição de junho de 2011 do jornal O Saquá (edição 134)