O primeiro ano do governo de Dilma Rousseff não trouxe grandes surpresas na área econômica, apesar da inflação alta, acima do limite superior da meta de 6,5%. Já o mundo da política sofreu abalos significativos com a marca “faxina” estampada nas marcações dos ministros que deixaram seus cargos, um atrás do outro, por não conseguirem explicar seus “malfeitos”, jargão dilmista, com o dinheiro público. A presidente não assumiu a palavra “faxina”, apesar do termo ter se popularizado. Somente o Nelson Jobim, da Defesa, em agosto, fugiu à regra e foi expelido por dessintonias pessoais com a chefe. Do ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, em junho, a Carlos Lupi, do Trabalho, no início de dezembro, foram sete. Daí já ser conhecido como “ano das sete quedas”, o primeiro do governo Dilma. E a colunista Miriam Leitão acrescenta que nenhuma cachoeira por mais água que tenha – nem mesmo a caudalosa Sete Quedas, se ainda existisse – seria capaz de lavar a corrupção no Brasil.
Há de se reconhecer que, neste primeiro ano de governo, Dilma poderia apropriar-se da frase “nunca antes na História deste país”, que o ex-presidente Lula transformou em bordão. Ela conseguiu, em pesquisa de opinião pública, a melhor avaliação como presidente do Brasil num primeiro ano de mandato. Eleita com a missão de ser a continuidade do governo de seu padrinho Lula, Dilma teve que encarar uma enorme herança de “malfeitos” e seu mérito foi não estender a benevolência com seu padrinho aos apadrinhados do ex-presidente Lula. Pode-se dizer que Dilma até superou seu próprio padrinho ao se desfazer de sete ministros em doze meses, sendo seis por suspeita de corrupção. E agiu sem complacência, inclusive com os que já vinham pisando fora da linha desde o governo anterior, indicando-lhes o caminho da porta de saída.
Aliás, a presidente não poderia deixar de agir assim, diante do impacto causado pela imprensa que apontou , de forma contundente, as irregularidades cheirando a corrupção praticadas pelos ministros que acabaram afastados de seus cargos. Foi esta circunstância que gerou uma espécie de vácuo entre o governo e a mídia, percebido pelo silêncio no primeiro ano de mandato de Dilma. Mas há quem atribua este silêncio a duas hipóteses: ou porque em 2011 o governo não teve muito o que dizer ou porque não é do perfil da presidente manter um contato assíduo com a mídia. É fato que Dilma respeita a mídia e reconhece sua importância. Mas é perceptível também que Dilma não gosta da imprensa, preferindo mantê-la à distância, como exige de seus auxiliares diretos. Dilma e Lula são autênticos representantes da filosofia de comunicação lulopetista: melhor para um governante é que seja divulgado somente aquilo que ele gostaria que fosse. De qualquer forma, não custa nada torcermos para que a presidente tenha sido sincera quando afirmou em seu discurso de posse: “Prefiro o barulho da imprensa ao silêncio das ditaduras.”