Correspondente do jornal francês Le Monde, Nicolas Bourcier e o fotógrafo Vincent Rosenblatt, da Agência Olhares, estiveram em Saquarema apurando questões sobre o impacto da indústria do petróleo na Região dos Lagos. Na redação do jornal O Saquá, em Barra Nova, os jornalistas entrevistaram a jornalista Dulce Tupy, destacada ambientalista e uma das coordenadoras do Fórum da Agenda 21 de Saquarema. Editora também do jornal ambiental Voz das Águas, do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João, Dulce fez um balanço dos impactos no meio ambiente local, sob a ótica do desenvolvimento sustentável.
Depois de Saquarema, os jornalistas do Le Monde foram a Arraial do Cabo, para uma entrevista com o biólogo David Barreto, secretário municipal do meio ambiente, que os levou a visitar a APA da Massambaba. A matéria foi publicada no dia 3 de fevereiro, no jornal impresso e foi postada na parte restrita (paga) do site do Le Monde. Um dos focos da entrevista foi a descoberta do pré-sal e as implicações da exploração do petróleo em águas profundas para as populações costeiras nesta região. O título da matéria foi: “No Brasil, Petrobras promete encharcar de ouro negro as populações costeiras – A empresa deve se estabelecer em um ambiente protegido para explorar as reservas nas águas profundas”.
A matéria destaca também o provável crescimento econômico com a chegada do mega Porto de Jaconé que, segundo projetos da Petrobras, terá capacidade para 850.000 barris por dia, quando começar a funcionar, em 2015. O complexo portuário inclui a construção de um terminal de R$ 5 milhões de reais, no distrito de Ponta Negra, na Praia de Jaconé, em Maricá, que deverá se conectar ao Comperj, em Itaboraí. A reportagem também publicou um depoimento da representante do Greenpeace, Leandra Gonçalves, que destacou o lado controverso da extração do petróleo e de construções desse porte em áreas de proteção ambiental.
A notícia da futura construção do Porto do Pré-Sal, em Jaconé, vem sendo objeto de reportagens e debates, desde que surgiram os primeiros indícios da venda do terreno do jornalista Roberto Marinho (Rede Globo), onde havia um campo de golfe, no chamado costão de Ponta Negra, na Praia de Jaconé. Em 2010, empresários gregos estiveram no local para uma avaliação, junto com o prefeito Quaquá. Finalmente, em 2011, foi anunciada oficialmente a venda do terreno e começaram as especulações. No final do ano passado, uma plataforma ficou ancorada no mar durante cerca de um mês. Atualmente, tubulações e maquinários para prospecções profundas no solo já estão na área e, segundo informam vizinhos de um pequeno bairro com poucas casas situado na área, as obras vão começar. Porém, enquanto não começam, as incertezas são muitas e viram motivo de reuniões e debates, tanto em Jaconé, como em Maricá e Saquarema.