Lia o jornal, de manhãzinha, na rede da varanda, em frente ao belo mar de Saquarema, quando, inesperadamente, excelente notícia devolveu-me o sorriso e a felicidade: “Brasil indica Lygia Fagundes para o Nobel”. Mas que maravilha! É isso mesmo, a escritora Lygia Fagundes Telles (de 92, a caminho dos 93 anos) teve seu nome sugerido pela União Brasileira de Escritores (UBE), em “decisão unânime entre os 17 membros, levando em conta qualidade literária e projeção internacional”, segundo Durval Noronha de Goyos, presidente da UBE, conforme o publicado no jornal “O Globo”, de 04.02.2016. E ainda Goyos: “Lygia Fagundes Telles tem uma qualidade inquestionável e a obra dela é traduzida em vários idiomas, como inglês, espanhol, francês e italiano”.
A consagrada escritora integra a Academia Brasileira de Letras e já recebeu prêmios importantíssimos, como o “Jabuti”, o da “Fundação Conrad Wessel” e o “Camões” – este, o mais importante da língua portuguesa. Além disso, teve obras adaptadas para a TV (com as novelas “Ciranda de Pedra” e “O Jardim Selvagem”) e para o cinema (“As meninas”).
Lygia, sempre com maestria, produz beleza literária que não apenas seduz o leitor, mas alcança, sensibiliza e arrebata a sua alma.
Logo que soube da auspiciosa notícia, lembrei-me de que ela já esteve na Suécia, convidada que foi (junto com Ana Miranda e João Gilberto Noll) para participar da famosa “Feira do Livro de Gotemburgo”, e relatou suas impressões no opúsculo “Viagem Inteligente” (1994), no qual (vejam as voltas da vida…) comentou: (…) “a língua sueca é para nós tão inacessível quanto o Prêmio Nobel”… Mal sabia ela, que, tempos depois, justa e merecidamente seu próprio nome seria o indicado para a honrosa premiação.
Nesta fase inicial, são indicados cerca de 200 nomes, por entidades convidadas pela Academia Sueca. Destes, são selecionados de cinco a vinte, em lista a ser apreciada e discutida em maio. A decisão final deverá ocorrer em outubro.
“Quero a ilusão do sonho, a ilusão da esperança em qualquer tempo-espaço”, escreveu Lygia. Sonhemos também com o Nobel para Lygia. Sonho que tem mérito suficiente para se realizar e dar alegria e felicidade a este desiludido e desencantado povo brasileiro.
O Jornal de Saquarema