A decisão de decretar intervenção federal na área da
segurança pública no Estado do Rio de Janeiro, praticamente inevitável, tornou-se inadiável após as ocorrências no Carnaval e os protestos das escolas de samba, como a estátua de um vampiro encarnada na figura do presidente Michel Temer, no desfile da Paraíso de Tuiti e o refrão do samba da Beija-flor, escola campeã do desfile: “Ó pátria amada/por onde andarás?/Seus filhos/Já não agüentam mais.” Logo após à intervenção federal no Rio, veio a declaração do marqueteiro palaciano, Elzinho Mouco, de que “Temer já é candidato”. Por ocasião do impeachement da presidente Dilma, Temer garantiu aos aliados que não aspirava permanecer no Planalto. A teoria de que “compromisso de político não é confiável” confirma-se mais uma vez. Articular intervenção e eleição é péssimo e imprudente.
A intervenção no Estado do Rio poderá até minimizar o fracasso da reforma da Previdência, mas é muito temerário admitir que alavancará o presidente mais impopular (desaprovação superior a 70%) neste país, desde quando este tipo de avaliação passou a ser feito. O maior perigo é Temer e seu grupo ousarem manobras como criar esse tal Ministério da Segurança, que servirá apenas para empregar apaniguados, distribuir verbas a aliados, entre outros “negócios”.
Eleição e Segurança Pública
É óbvio que eleição é algo vital para os políticos, mas para Temer tem uma importância vital: a manutenção do foro privilegiado, fundamental para quem é alvo de denúncias barradas na Câmara, prontas para irem à primeira instância na Justiça, assim que o presidente deixe o cargo.
Antes de assinar o decreto de intervenção, Temer recebeu pesquisas que encorajaram este gesto de impacto contra a violência: “Hoje, a maior preocupação do brasileiro é com a segurança pública”, frisou o marqueteiro Elzinho, definindo a medida como um lance de pôquer em que o jogador arrisca tudo de uma vez: “O Temer jogou todas as fichas na intervenção”.
A frase do presidente Temer, definindo com “jogada de mestre” o que ele fez, neste momento complexo da história do Rio, é preocupante! Por outro lado, o general-interventor , Braga Neto, poderá vir a ser um bom gestor, mas precisará mais do que isso para vencer os enormes desafios. E não poderá se deixar levar por uma “jogada de mestre” de um presidente que parece estar pensando só em reeleição para um novo mandato.