Lia Caldas*
Na Índia, uma das formas de se preparar para o futuro é olhar para as estrelas. Num dos países mais ligados às tradições milenares, consultar o horóscopo é tão importante que, em casamentos arranjados, é levada em consideração a compatibilidade astrológica dos noivos antes de suas famílias firmarem o compromisso. No entanto, essa habilidade de reconhecer nos ciclos do universo os padrões que se repetem na vida humana não é aplicável somente aos indivíduos, mas também aos negócios, às comunidades e até mesmo ao planeta Terra como um todo.
Em janeiro de 2020, teve início um alinhamento planetário que acontece a cada 18 anos e meio, aproximadamente, e que sempre provoca eventos de impacto global que alteram profundamente a forma como nos relacionamos e como vemos o mundo. Este ano, estamos no começo de uma crise sanitária, a pandemia de Covid-19, que se expandiu justamente no início desse alinhamento, que embora tenha começado neste ano, foi potencializado pelo eclipse do dia 26 de dezembro de 2019.
Esse alinhamento, que dura cerca de 18 meses, é a passagem de Rahu, o “nodo” norte da lua, na constelação Ardra e a passagem de Ketu, o “nodo” sul da lua, na constelação Mula. Os “nodos” lunares são pontos matemáticos no espaço onde os eclipses podem ou não acontecer, não são planetas nem estrelas. Eles não existem como objeto, não possuem matéria, por isso os eventos regidos por suas influências muitas vezes estão ligados a coisas “invisíveis”, como vírus e bactérias, ataques terroristas, conspirações ou fatos com causas misteriosas.
Voltando na linha do tempo, podemos perceber que cada vez que passamos por esse posicionamento no céu, realmente aconteceram eventos que transformaram o modo de nos relacionar. Em setembro de 2001, foi o ataque terrorista ao World Trade Center e em 1982, a epidemia de AIDS. Dezoito anos antes disso, no final de 1963, houve o assassinato do presidente Kennedy, crime até hoje cercado de mistério e especulações, e em 1964 o golpe militar no Brasil. A bomba de Hiroshima, talvez o evento mais transformador do século passado, também aconteceu no período em que estávamos sob influência desse alinhamento de Rahu e Ketu.
É possível continuar essa linha do tempo e encontrar outras epidemias que estão relacionadas a este posicionamento celeste, como a Peste Negra de 1350, que matou um terço da população mundial e, mais tarde, em 1666, a segunda onda de peste bubônica de Londres, em que quase um quarto da população da cidade morreu e centenas de gatos e cachorros foram sacrificados, pois acreditava-se que eles eram responsáveis pela transmissão da doença.
Porém não há motivo para desespero, pois na cultura védica todo momento de crise é também um momento de transformação e uma oportunidade para recomeçar com mais sabedoria. Deixe qualquer medo ou ansiedade de lado e lembre-se de que já passamos por momentos difíceis antes. Para atravessar esse período, o recomendado é manter a calma e encontrar dentro de si a força divina e transformadora que todos possuímos. Procure aumentar a sua imunidade, evite pensamentos desagradáveis e, o mais importante, fique em casa