A extensão territorial do Brasil sempre foi causa de dores de cabeça para os seus Governantes, desde a época do descobrimento. Portugal, ainda sem saber direito o que havia descoberto, devido à inexistência de mapas e instrumentos de navegação precisos que possuímos hoje, enviava raras expedições de patrulha para afugentar os piratas de várias nacionalidades que frequentavam o nosso litoral e ameaçavam se instalar definitivamente. Mas a primeira expedição colonizadora só foi enviada, como sabemos, fortemente armada, 30 anos depois do descobrimento, com cinco navios e comandada por Martin Afonso de Souza.
Por esse resumo conclui-se que o Brasil – agora em 2009 – deveria possuir grande experiência na defesa do seu cobiçado território, guarda costeira e fluvial coordenada com um policiamento especializado de fronteiras, apoiado pelo indispensável serviço de inteligência. A falta de “vontade política” (?) permitiu que o crime organizado no Brasil se transformasse em um câncer difícil de ser extirpado e se instalasse confortavelmente nas capitais, ameaçando alastrar-se até a periferia e as zonas rurais. As fábricas de armamento continuam produzindo e têm que vender os seus produtos; são poderosas principalmente porque geram milhões de empregos e movimentam bilhões de dólares – ou de euros – em todo o mundo. Isto faz com que intervir na produção de armas possa constituir uma operação de alto risco para a já abalada economia do planeta.
Cabe aos governantes e aos órgãos legislativos internacionais a difícil tarefa de, pelo menos, regulamentar e fiscalizar a produção e o destino do armamento. O recente episódio da derrubada daquele helicóptero da polícia, na Cidade Maravilhosa, reforçou as dúvidas sobre as possibilidades de se conseguir consertar, em quatro ou seis anos, defeitos crônicos nacionais que se vêm fortalecendo há mais de meio milênio. Ou será que ainda estaremos mais preocupados em saber se o Botafogo vai passar para a 2ª divisão?
Artigo publicado na edição de novembro
de 2009 do jornal O Saquá (edição 114)