A preocupação de Lobato com as crianças e com a cultura foi expressada nas seguintes frases suas, que se tornaram clássicas: “Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar”; “Um país se faz com homens e livros”. Para ele, os livros eram o conhecimento materializado em folhas de papel, que poderia ser difundido para toda população, iniciando-se pelas crianças, que deveriam receber atenção especial. Com ele surgiram os livros didáticos. Lobato, ao longo de sua vida, defendeu ainda a nacionalidade, o meio ambiente, a reforma agrária, a saúde pública. Em 1930, já insistia na tese de que o Brasil seria produtor de petróleo e que o nosso “ouro negro” deveria ser explorado unicamente por empresas nacionais, chegando a ser preso porque defendia de forma veemente essas ideias. E, quando questionado, dizia:”O meio de combater uma ideia é lançar ao seu encontro uma ideia melhor. (…) Nunca no mundo uma bala matou uma idéia.”.
Monteiro Lobato foi sempre um homem polêmico e arrebatava o público com pensamentos instigantes. Em 1927, quando foi adido comercial do Brasil nos Estados Unidos, escreveu um livro, “O Presidente Negro e o Choque de Raças”. Naquela época o livro não foi bem aceito pelos americanos; visionário como era, previa que no futuro haveria um presidente americano negro e que o petróleo seria uma das grandes riquezas do Brasil. Acertou em ambas as previsões. Em resposta a uma pergunta feita por um jornalista, quando retornou da Argentina, onde esteve por um período, para fugir das perseguições do Governo de Getúlio Vargas, disse: “Que pretendo fazer?(…), contemplar o umbigo e preparar-me num convento para a viagem final. O meu cavalo está cansado, querendo cova — e o cavaleiro tem muita curiosidade em verificar pessoalmente se a morte é virgula, ponto e virgula ou ponto final”.
Monteiro Lobato morreu, vitimado por um derrame, no dia 4 de julho de 1948, deixando um legado importantíssimo para a cultura nacional.
Artigo publicado na edição de dezembro
de 2009 do jornal O Saquá (edição 115)