Política

Paulo Melo e Dalton somando forças

Adversários políticos há cerca de 14 anos estão agora unidos por objetivo comum

Por: Dulce Tupy

Desde que Paulo Melo  deu os primeiros sinais de esgotamento de sua parceria com o ex-prefeito Antônio Peres, a cidade passou a viver de boatos, “diz-que-diz-que” e fofocas que acabaram se confirmando no final de maio, com declarações do próprio deputado e do ex-prefeito Dalton Borges, em datas diferentes, mas na mesma casa de festa: a Styllos, em Bacaxá. A explicação de Paulo Melo foi emocionada, durante uma reunião em que estavam presentes a maioria dos secretários municipais, vereadores, a prefeita Franciane Motta e o vice Dr. Amílcar Ferreira, além dos ex-prefeitos Jurandir Melo e Porphírio Azeredo. Já a reunião do ex-prefeito Dalton Borges (vencedor da última eleição municipal, quando teve mais votos do que Franciane, mas não tomou posse devido a processos judiciais) foi uma espécie de reencontro do eleitorado com seu líder que continua com milhares de votos, devido a seu enorme carisma.

Dalton nunca foi estranho a Paulo Melo, apenas ficaram por um período de quase 14 anos em campos opostos, na política.

Paulo Melo, Franciane e correligionários. Fotos: Edimilson Soares.
Paulo Melo, Franciane e correligionários. Fotos: Edimilson Soares.

O fator que levou à reaproximação entre Dalton e Paulo Melo foi o ex-vereador Pitico, braço direito do deputado de quem é o atual chefe de gabinete. Por outro lado, Pitico é concunhado de Dalton e por conseguinte seus filhos são sobrinhos do ex-prefeito. Foi Pitico quem fechou o elo de ligação entre os dois, ou melhor, entre os três, porque o primeiro a estender as mãos para o ex-prefeito foi o presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), o deputado Jorge Picciani, pré-candidato a senador, pelo PMDB, partido presidido por Paulo Melo. A partir daí foi mais fácil levar Dalton até Paulo Melo que o recebeu como colega; colega desde o tempo em que atuaram juntos como vereadores na Câmara Municipal de Saquarema.

Porém, se no âmbito do relacionamento pessoal eram amigos, a política tratou de os separar. Eleito deputado, Paulo Melo foi para a capital, enquanto Dalton tornou-se vice-prefeito do governo Carlos Campos que teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e foi afastado do cargo, dando espaço na Prefeitura para Dalton governar Saquarema por mais de 2 anos. Na eleição em que esperava ser reeleito, Daton perdeu para Peres e tudo mudou. Hoje, bem mais maduro, Dalton reconhece que a aliança com Paulo Melo é polêmica.

“É difícil, mas foi uma decisão racional”, explicou Dalton diante do auditório lotado. “Até 1996 o grupo era composto por Carlos Campos, Peres e o deputado Paulo Melo. Eu fui eleito vereador, bem votado, e, naquele momento de decisão, com 36 anos de idade, fui para o lado de Carlos Campos; Peres ficou com Paulo Melo”, relembrou Dalton. “Na verdade, nós nunca tivemos brigas, eu e Paulo Melo; simplesmente cada um escolheu seu caminho: eu escolhi Carlos Campos, ele escolheu Peres. Aí a vida, o destino e os palanques nos transformaram em adversários políticos”, resumiu Dalton Borges, agora disposto a iniciar uma nova trajetória na política.

Dalton Borges, a esposa Rosangela e o cunhado Pitico.
Dalton Borges, a esposa Rosangela e o cunhado Pitico.

Acompanhado dos irmãos, o vereador Saulo Borges, de Rio Bonito e o empresário Ayron Borges, entre outros parentes e amigos, Dalton falou da profunda relação que tem, inclusive de parentesco, com o ex-prefeito Jurandir Melo, também presente. Medindo cada palavra, Dalton falou em perdão e valorizou o empenho do deputado em concretizar o sonho que nasceu com ele, Dalton, de construir o Condomínio Industrial, em Sampaio Corrêa, que vai gerar milhares de empregos para Saquarema. Finalmente, garantiu seu apoio e de seu grupo político ao deputado, sendo ovacionado.

Neste sentido, Dalton seguiu a mesma linha de raciocínio do deputado Paulo Melo que, na semana anterior, reunira seu grupo para anunciar o rompimento com o ex-prefeito Antonio Peres. Resgatando o passado, Paulo contou sua história, a    entrada para a política em 1988, a primeira campanha para vereador, a eleição para deputado e as artimanhas políticas que teve de ultrapassar até alcançar o momento atual que vive hoje, como líder do governo Sérgio Cabral, tendo a esposa, Franciane Motta, como prefeita de Saquarema. Foi uma vitória, sem dúvida, para alguém que saiu do zero da escala social do pequeno município da Região dos Lagos e agora está prestes a se eleger presidente da ALERJ, um sonho que Paulo já não esconde de ninguém e que conta, desde já, com o apoio declarado do deputado Jorge Picciani e do próprio governador Sérgio Cabral.

Sentindo-se isolado, depois que tomou conhecimento de uma articulação contra ele, que teria partido do ex-prefeito Antônio Peres, o deputado Paulo Melo contraatacou e já está programando uma próxima reunião juntando seus eleitores e os de Dalton , para selar a paz entre os dois. Será  provavelmente num espaço maior do que a Styllos; talvez na Arena Fest, no Porto da Roça, em data a ser anunciada, em breve, no início de junho. Aquilo que se pensava impossível na política de Saquarema aconteceu: a união de Paulo Melo e Dalton Borges. Mas como em política tudo é possível, cabe agora essa aliança se consolidar, antes da próxima campanha, que começa quando a copa acabar.

Capa O Saquá 121

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Matéria publicada na edição de junho
de 2010 do jornal O Saquá (edição 121)

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