Há limites para a ética financeira no esporte? Até onde o errado persiste até se tornar um crime? O dinheiro sempre moveu o futebol. Transações milionárias, salários astronômicos. Porém, quando as finanças são usadas para incentivar um possível corpo mole ou então, pelo contrário, uma vontade de ganhar redobrada, surge a polêmica discutida em toda a reta final de Campeonato Brasileiro: Mala preta e mala branca são apenas antiéticas ou ilegais?
Muitos dizem que mala preta não existe no futebol. Seria ingenuidade minha concordar sem ter um pingo de desconfiança. Prefiro acreditar que não. É o retrato da decadência entregar um jogo, desrespeitando a própria torcida e os times rivais. Além disso, é uma ação criminosa, já que funciona como um suborno. A mala branca, por sua vez, tem o seu lado “bom”. Oferecer um incentivo a uma equipe sem motivação pode tornar um campeonato mais emocionante em suas rodadas derradeiras. O problema é que tudo isto é muitas vezes negado e acontece nos bastidores das quatro linhas, o que torna a ação suspeita.
A grande questão é que a mala branca poderia ser muito bem evitada se os times honrassem a camisa até o fim do campeonato. Por isso a ética financeira não encontra limites no futebol. Não há uma fronteira entre o certo e o errado. Fazer corpo mole ou endurecer uma partida são apenas evidências de que o esporte pode estar caminhando (e já está) para uma fase onde o dinheiro passa a valer muito mais do que a honra.
Artigo publicado na edição de dezembro de 2010 do jornal O Saquá (edição 128)