A gonorreia de Maria Cavaca
Internada com gonorreia, Maria Cavaca, 21 anos, fugiu do hospital e voltou disparada pro redevu fazenda. Pra não perder o chalé que ocupava na propriedade, destinada a piranhagem rural, escondeu o fato e, mesmo se escorrendo toda, se drogava para disfarçar a doença e se entregar destrambelhada à galinhagem no antro de prostituição.
Descoberta, a clientela traída e infectada deflagrou tumulto e invadiu o cafofo do meretrício para definir o destino cruel a ser oferecido à prostituta. Trancada no quarto, Cavaca, armada com um revólver ofereceu resistência e ameaçou de morte quem adentrasse ao recinto. Enfurecida, a turba despinguelou-se desvairada e apedrejou a casa, exigindo, aos gritos, a saída da acusada que, para se defender, mandou bala na freguesia insatisfeita.
Ninguém sabe de onde saíram os cinco litros de gasolina que entraram voando pela janela e se esparramaram na sala da casa, e nem o isqueiro aceso que atiçou o fogo, lambendo os móveis, utensílios, Cavaca e o resto da casa inteira. Com a sua fonte de renda destruída, devido às graves queimaduras, que vão dos pés até embaixo das maminhas, Maria foi removida xingando e deu entrada no hospital esbravejando com a gonorreia esturricada no calor fervente do fogaréu que derreteu o redevu.
Arrombada no inferninho
Descolada, abandonou os pais no Areal e foi, largada e solta, se entregar a folia nos cabarés da Lapa. Fresca e vaporosa nos seus 19 anos, se abriu inteira para um chefão do show de rebolado. Recebeu uma fantasia audaciosa e sacudiu a virilha no palco do inferninho. No fim do espetáculo, foi logo sendo papada por outros integrantes, empresários da sacanagem. Gostou da fartura de machos, mergulhou antenada na gandaia e soltou a vaca no brejo. Se achando poderosa, caiu na real quando na semana seguinte vieram buscar a fantasia usada e os três mil reais devidos pelo aluguel do traje. Langanhosa se debulhou lacrimejante sobre os cristais, plumas e paetês da roupa que pensou ter sido um presente do chefão que, cheio de tesão, por tantas vezes desembainhou o seu abre alas e invadiu, de graça, a sua comissão de frente.
Endividada, aceitou a proposta de entregar dois pacotes no aeroporto internacional do Galeão. Fez diversas outras entregas, quitou a dívida e ainda sobrou uma boa grana. Em apenas dois meses, após ter saído do Areal, brilhou no palco, apareceu na TV, contraiu dívida, virou traficante internacional, ganhou dinheiro, foi presa e está na cadeia, dividindo a cela com outra detenta conhecida como Preta Cavalo, que aluga a moça para transas com outras presas e muitas vezes é forçada a dormir em pé, pelada, com a bunda na parede fria, quando se recusa a cumprir as ordens de sua cafetina Cavalo.
Beijo na rodela
Dadinho, mesmo sem ser convidado, entrou doidão, de sunga, na festa do empresário baiano e caiu de boca nas iguarias expostas, mesmo antes de ser dado início ao serviço de buffet. A dona da casa e anfitriã da festa, com o sua cachorrinha Lulu da Pomerânia no colo, pediu ao invasor que se retirasse. Tentando agradar, elogiou a fartura dos longos e sedosos pelos do animal e, em seguida, sem saber onde era a frente ou a traseira, levantou o rabo do bicho e, com a boca toda suja de farofa da Bahia, caprichada na pimenta, sapecou dois beijos linguados na bunda da cachorra, que começou a ganir com a olhota toda ardida. Furiosa e aos gritos, a anfitriã chamou Dadinho de tarado estuprador, habituado a relações íntimas com animais indefesos, devorador de cabritas e comedor de éguas no pasto. Porrado na manguaça, atacou a cadela e mandou uma bitoca, com direito a estalo, diretamente na periquita da Lulu que, quanto mais se coçava e se lambia, mais ardida ficava. A festa, programada pra ser fina, virou o maior barraco no bairro, quando os convidados reunidos, além de dar umas porradas no beijoqueiro esfregaram farofa no rabo do penetra. Foram quase duas horas arreganhado na água gelada da praia de Itaúna, tomando marola fria na rodela da bunda que ficou toda empolada.
Furtou a bunda da vizinha
Marcelina, 32 anos, entrou esbaforida na delegacia e registrou queixa de furto. Abestada, disse que, enquanto dormia, o ladrão entrou, não sabe por onde, e só levou bijuterias, perfumes, perucas, bolsas, sapatos, maquiagem e roupas finas, inclusive as três bundas postiças e oito porta-seios com enchimento de espuma. Afirmou que o seu estado nervoso era causado pela necessidade de ter que sair de casa desbundada e desmaminhada, devido à falta dos apetrechos postiços, responsáveis pela sua fama de gostosa, esbelta, desfrutável e lambejosa.
Durante o depoimento, afirmou que nos dias de carnaval ficou trancada dentro de casa, enquanto a sua bunda e as maminhas se sacudiam no bloco das travecas. Que suspeita de um travesti, conhecido como Dolores, a Larga, gay super assumido, pobre e esquelético, que mora nas proximidades de sua casa e tem o rabo chapado e as costelas secas e muxibentas, aparecendo os ossos e que no carnaval, segundo foi informada, estava bunduda e seiuda, de peruca loira, usando maquiagem cara, se esfrangalhando nos saltos e se debulhando no roça-roça, trepada no carro alegórico.
Na casa da Larga, a polícia ainda encontrou alguns colares e frascos com sobras dos perfumes furtados, o restante foi vendido logo após o carnaval, menos as três bundas que, de tantas dedadas foram demolidas e arrombadas durante as sacanagens de Momo. Dolores, que no último dia de carnaval quebrou o tornozelo, quando se destabacou do alto do carro alegórico, assumiu o furto e deu entrada na delegacia algemada, capengando e desnutrida, mas comeu uma quentinha de sururu de bucho com fubá, antes de ser trancafiada no xadrez.
Defunto no rasga as pregas
O bundalelê começou com muita maconha, cheirinho da loló, pó à vontade, zueira e som nas alturas no Funk do Rasga as Pregas, no sítio alugado por dez mil. Mal começou a festa, a piscina virou uma sopa de mijo, um caldo de sovaco azedo e virilha rançosa. Ai chegou mais um ônibus fretado, pra completar a fuzarca. Todo mundo nu, usando como fantasia a bunda e outras partes íntimas do corpo pintadas.
Total de setenta e duas pessoas, que participaram da suruba-raven, onde drogas, funk e sexo gemiam numa nuvem de pó e no fumacê dos baseados que infestavam o local. As seis privadas entupiram e o gramado virou latrina a céu aberto. As reclamações do dono da propriedade foram respondidas com socos, ameaças, quebra-quebra de móveis e eletrodomésticos. Panelas, pratos e talheres, foram espalhados no quintal e no interior da casa.
No auge da loucura da profanação, um dos integrantes exagerou no pó e morreu por overdose. O defunto foi depositado num sofá, num canto da sala, enquanto a galera drogada e sinistra se mantinha arrepiada no funk de corpo presente. O fato, que aconteceu na sexta- feira, só foi comunicado às autoridades no domingo.
Tarado da tromba morta
Telminho, foragido da justiça e por duas vezes condenado, por ser muito bem dotado, ficou conhecido na cadeia como “sete palmos”, mas entre amigos é o “tromba morta”, apelido que detesta. Após receber uma cantada, os sete palmos, ainda adormecidos, foram apresentados a Eugênia que, surpresa, imaginou como seria acordado e pronto para o bote. Refletiu, mas não duvidou das possibilidades de se deixar ser socada sem ser destroncada pela jumentice do machão. No motel foram horas de respiração boca-cabeça na tentativa de ressuscitação. Banhos de água morna e esfregaços de pomadas japonesas, pílulas azuis foram engolidas aos montes. Cascudos no cabeção, tapas na pelanca do vai-e-vem, beliscão na rebarbela e até saco de água quente na veia do tronco, foram artifícios usados na tentativa de despertar a jaracuçu estropiada. Nada adiantou. Desnatada, Eugênia desmilinguida adormeceu ao lado do gigante falecido.
Ao acordar, durante acirrada discussão, chamou Telminho de tromba morta. Desvairado, o traficante ameaçou a parceira e a sua família de morte, caso o fato se tornasse público e, insatisfeito, pulverizou a cara de Eugênia na porrada. Fraturada, fez o roteiro hospital, IML, delegacia, onde relatou o fato com impressionante riqueza de detalhes. O agressor, que está em liberdade condicional, pirulitou-se do flagrante e está vagando, brocha, por lugar desconhecido e não sabido pela polícia.
Casos publicados na edição de maio de 2011 do jornal O Saquá (edição 133)