Cidade

Saquarema, parabéns pelos seus 170 anos!

Igrejinha

A Igreja Matriz de N. Sra. de Nazareth, inaugurada em 1837, é um ícone da cidade. Acima, uma imagem atual da igrejinha contrasta com a foto da época em que a lagoa ainda não estava urbanizada

Saquarema foi descoberta pelos portugueses que aqui chegaram com a frota de Martin Afonso de Souza, em 1531, aportando seus barcos na chamada “Barrinha”, ao lado do morro onde mais tarde seria construída a igreja de Nossa Senhora de Nazareth, Ali encontraram índios, comandados pelo cacique Sapuguaçu. Os saquaremenses daquela época vivam de pesca e caça e foram visitados tanto pelos portugueses como pelos franceses, tendo participado da Guerra dos Tamoios, em 1575. Em 1594, os padres da Ordem do Carmo conseguiram a doação de algumas sesmarias próximo a Ipitangas, onde construíram um convento. Em 1660, o fazendeiro Manoel Moreira e sua esposa Catarina fizeram erguer uma capela em honra de Nossa Senhora de Nazareth, no local onde hoje se encontra a igreja matriz. Em 1675, a capela foi substituída por outra maior, construída de pedra e cal.

O antigo Centro Histórico com o Convento das Irmãs e o tradicional coreto
O antigo Centro Histórico com o Convento das Irmãs e o tradicional coreto
Um século depois, em 1755, o curato de Nossa Senhora de Nazareth de Saquarema, cuja capela era uma filial da Matriz de Nossa Senhora de Assunção de Cabo Frio, ganhou o título de freguesia. Em 1820, começou a ser construída a nova igreja matriz cujas obras foram concluídas em 1837. Sobre a imagem de Nossa Senhora de Nazareth de Saquarema, conta a lenda que foi encontrada por pescadores, após uma tempestade, no meio das pedras do morro onde foi construída a igreja. Sempre que se tentou transferir a igreja para outro local, a imagem voltava a aparecer no mesmo local, no meio das pedras…

Por volta de 1839 a vida rural de Saquarema era próspera com plantio de café e cana de açúcar. Surgem então as fazendas com suas engenhocas, carros de bois, paióis, principalmente nas terras de Palmital, Rio Seco, Mato Grosso etc. Por outro lado, surgem também os movimentos de resistência, os quilombos. Os fazendeiros recebem, então, de D. Pedro II títulos de nobreza, tornando-se grandes senhores, como o Coronel José Pereira dos Santos, Barão de Saquarema. Junto com outros “barões do café”, eles foram os primeiros a fazer um movimento cívico pela emancipação política de Saquarema. Em 8 de maio de 1841, finalmente, Saquarema é elevada à categoria de município.

No poder desde o Império

A primeira Câmara Municipal funcionava no prédio que hoje abriga a Casa da Cultura Walmir Ayala. No tempo do império, os saquaremenses eram tão aguerridos que tornaram-se conhecidos nacionalmente pelo nome “os saquaremas”, do Partido Conservador, em oposição aos “luzias”, de idéias liberais. Com o advento da República, Saquarema permaneceu com suas fazendas, cortadas pelo trem, até o final dos anos de 1960, quando foi descoberta pelos surfistas que frequentavam a praia de Itaúna. Com a inauguração da Ponte Rio-Niterói, Saquarema teve um grande desenvolvimento, tornando-se um balneário turístico. Foi a época dos grandes festivais de surfe, com a participação e a presença de astros da música e do rock brasileiros como Rita Lee e Raul Seixas.

Com um astral único na Costa do Sol, com praias e serras magníficas, Saquarema tem atraído artistas como Nei Matogrosso, que inaugurou em Saquarema a primeira RPPN (Reserva do Patrimônio Público Natural) do município, local de preservação da natureza, porém aberto à pesquisa. Mário Lago foi veranista de Saquarema durante anos, tendo sido homenageado com seu nome no Teatro Municipal. Evandro Mesquita, Eduardo Dusek, Gabriel o Pensador, Elimar Santos e outros também são frequentadores da cidade. Mas entre todos, o músico Serguei foi quem ficou mais célebre como morador, transformando sua própria casa no Museu do Rock, aberto ao público.

A “Barrinha”, ao lado do Morro da Igreja, onde teria aportado a frota de Martin Afonso de Souza em 1531 que encontrou os índios que aqui habitavam
A “Barrinha”, ao lado do Morro da Igreja, onde teria aportado a frota de Martin Afonso de Souza em 1531 que encontrou os índios que aqui habitavam
Redescobrindo a natureza

Hoje, Saquarema é conhecida não só como point de surfe, devido às ondas perfeitas da Praia de Itaúna, mas também por abrigar o Centro de Desenvolvimento do Vôlei, da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), onde treinam todas as seleções brasileiras. Na Serra do Matogrosso, há a pista de Vôo Livre e as famosas cachoeiras do Rio Roncador e do Rio Tinguí, que encantam a todos que as visitam. Há ainda vestígios da pré-história de Saquarema nos sítios arqueológicos, os chamados sambaquis. Situado numa praça, em Barra Nova, o Sambaqui da Beirada tem um pequeno museu arqueológico com peças e esqueletos datados de mais de 4.500 anos atrás. Quanto à cultura popular, Saquarema ainda mantém manifestações do folclore religioso como a Folia de Reis, no verão e a Folia do Divino, na entrada do inverno, além das festas típicas de Nossa Senhora de Nazareth, São Pedro, São João, São Jorge e outras. Saquarema é a aniversariante do mês e está fazendo 170 anos!

As fotos de época são do Acervo de Herivelto Bravo Pinheiro/Do livro Raízes de Minha Terra.
Fotos atuais de Paulo Lulo.

O Saquá 133 – Maio/2011

Matéria publicada na edição de maio de 2011 do jornal O Saquá (edição 133)

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