A feijoada típica dos brasileiros tem origem nas festas dos pretos velhos nas fazendas de café.
Fotos: Edimilson Soares.
Dia 13 de maio comemora-se a Abolição da Escravatura, proclamada com a assinatura da Lei Áurea, em 1888, assinada pela Princesa Isabel. Desde essa data, todos os centros de umbanda passaram a reverenciar as entidades cultuadas pelos negros no Brasil, referentes aos seus ancestrais, chamados simplesmente de pais, vovôs e vovós. Assim, são homenageados o Pai João, Pai Joaquim, Pai Francisco, Vovó Maria Conga e outros que surgem nos terreiros durante o ano, para dar consultas, com seus profundos conhecimentos sobre ervas medicinais. Mas é no dia 13 de maio, quando se oferece a comida típica dos pretos velhos, a tradicional feijoada, que essas entidades mais aparecem, sendo reverenciadas pelos umbandistas e hoje já integrados até nos cultos do candomblé.
Na casa de Dolores de Xangô, o 13 de maio é comemorado anualmente, com o tradicional toque mantido pelos ogãns e pelos seus filhos e filhas de santo, sempre muito bem cuidados e vestidos com suas vestes próprias para os rituais. Decorado com flores e vegetação, o congá tem uma atmosfera fresca e saudável. O público que participa acompanha batendo palmas no ritmo dos cantos que correspondem a cada entidade: Ogum, Xangô, Iansã, Oxóssi, Obaluaiê, etc. Os pretos velhos representam a sabedoria guardada ao longo dos séculos, que preservou a integridade dos negros e afrodescendentes, apesar do triste capítulo da escravidão e suas sequelas que resistem até hoje, cuja maior feição é o racismo e o preconceito.
Matéria publicada na edição de junho de 2011 do jornal O Saquá (edição 134)