Nos dias atuais o serviço de saúde atravessa o dilema entre atendimento de emergência (situação crítica ou algo iminente, com ocorrência de perigo, que exige atuação profissional rápida), urgência (situação que tem o caráter menos imediatista) e o atendimento básico de saúde. A ineficiência de um atendimento básico de saúde às vezes empurra o paciente para o atendimento de emergência ou urgência, por falta de um funcionamento adequado da rede básica. Cria-se um verdadeiro colapso nas portas dos hospitais, que ocasiona demora no atendimento e reduz a qualidade da assistência.
Em situações de excesso de demanda, os pacientes que precisam de recursos tecnológicos sofisticados – em função da gravidade ou complexidade do seu problema de saúde – são alvo de maior preocupação dos profissionais, gestores e formuladores de política de saúde. O fortalecimento da atenção básica em saúde deve ser incentivado, já que evita complicações que levam os usuários aos níveis secundário e terciário de atenção. Esse fortalecimento minimiza a médio e longo prazo os custos destes setores.
Os pacientes que exigem menos recursos tecnológicos são absorvidos como secundários, atendidos rapidamente após uma triagem; não necessariamente devem receber menos atenção e deve-se evitar que sejam rotulados como inapropriados ao serviço ou que sofram a frustração de ter seu atendimento negado.
Sabemos que restrições têm sido propostas, entretanto não são aceitáveis em um país com tanta desigualdade social como o Brasil. Quando o paciente é encaminhado também para assistência básica após ter sido atendido em um hospital, não existe continuidade da sua assistência na rede, o que leva o paciente a procurar uma porta de entrada, ou seja, as emergências/urgências. Dessa forma, hospitais acabam sendo depósito dos problemas não resolvidos.
Uma proposta importante para as grandes emergências é o qualiSUS, um conjunto de mudanças que visa proporcionar maior conforto para o usuário, com atendimento de acordo com o grau de risco e uma atenção mais efetiva pelos profissionais de saúde. O qualiSUS propõe a criação da central de regulação de leitos, ponto fundamental no controle das ofertas indevidas de vagas e a implantação do SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência), que permite a organização no acesso à emergência e racionalização da utilização da rede pública. Também foram criadas normais legais para o Programa de Saúde da Família (PSF), onde existe a responsabilidade de atender as pequenas urgências, de acordo com a disponibilidade de recursos humanos e materiais. Com isso, grande parte das questões poderão ser solucionadas, tanto para gestão operacional do sistema, como para pacientes que procuram uma solução para seus problemas de saúde.
Artigo publicado na edição de julho de 2011 do jornal O Saquá (edição 135)