A vitrine de vidro blindex protege o esqueleto na exposição permanente inaugurada junto com a Praça do Sambaqui da Beirada, em 1997. Foto: Edimilson Soares.
O aniversário da Praça do Sambaqui da Beirada foi repleto de emoção e informação em 31 de maio. A abertura das comemorações contou com a apresentação do Coral Escola que canta, na Sala arqueológica Lina Kneip, em Barra Nova, pela manhã. A apresentação contou com a presença da Prefeita Franciane Mota, o ex-prefeito Jurandir Melo e da Secretária de Educação Ana Paula Giri Fortunato. A Praça do Sambaqui também recebeu alunos do Colégio Sarah Dawser, do Leblon, que vieram conhecer o espaço arqueológico e a vegetação de restinga, com lições ao ar livre.
À tarde, a Escola Municipal Castelo Branco, no Boqueirão, sediou o Seminário com pesquisadores do Museu Nacional, da UFRJ, que homenagearam a precursora das pesquisas nos sambaquis em Saquarema, Dra. Lina Kneip. Participou do seminário a arqueóloga Tânia Lima que deu um testemunho sobre como foi atuar ao lado da professora Lina.
“Vi a relação de amor que ela tinha com os sítios arqueológicos que estudava. Eles se tornavam seus filhos”, afirmou Tânia, para quem Lina deixou um vasto legado acadêmico, com 65 artigos e 6 livros publicados.
Paisagem e uso de vegetais em Sambaquis de Saquarema foi o tema da fala da professora Rita Scheel-Ybert. Com especialização em arqueobotânica, através do uso de vegetais deteriorados, pelo método do carvão reconstituiu a flora da época dos sambaqueiros, há 4 mil anos. E Claudia Rodrigues, diretora do Museu Nacional, apresentou dados de pesquisas arqueológicas sobre os sambaqueiros de Saquarema, únicos a terem registros de técnicas funerárias específicas, diferentes das demais dos habitantes do sul do Brasil datados da mesma época.
O professor e geólogo, Benedito Rodrigues creditou a descoberta dos beachrocks de Jaconé à parceria com Lina e à atual responsável pelos sambaquis de Saquarema, arqueóloga Filomena Crancio. Já o geólogo Marcos Vicente Moreira, também do Museu Nacional apresentou o material rochoso encontrado na praia de Jaconé (beachrock), que serve para identificar antigos níveis marinhos, afirmando que a partir do atual nível do mar, a nossa costa teria 8 mil anos! Segundo o professor, a Lagoa de Saquarema era uma enseada marinha. E lembrou que, em 9 de abril de 1832, o naturalista Charles Darwin, de passagem pelo Brasil, chegou a descrever os beachrock de Jaconé, que farão parte do futuro Geoparque.
Coordenadora dos projetos “Caminhos Geológicos” e “Caminhos de Darwin”, a geóloga Kátia Mansur explicou que o Geoparque não é uma unidade de conservação e sim um conjunto de territórios com atrativos que englobam o patrimônio geológico da região. E, finalmente, a arqueóloga Filomena Crancio, parceira e sucessora da saudosa Lina Kneip, afirmou que dos 24 sambaquis existentes em Saquarema, restaram apenas 4: Beirada, Pontinha, Manitiba e Jaconé. Graças a sua resistência e atuação na causa dos sambaquis, as pesquisas ainda podem conduzir a novas descobertas.
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Um documentário sobre os sambaquis de Saquarema
Matéria publicada na edição de julho de 2011 do jornal O Saquá (edição 135)