O 7 de Setembro, Dia da Pátria, foi marcado em várias capitais do país, por manifestações de protesto contra a corrupção, reunindo em cada uma delas dezenas de milhares de pessoas convocadas através das redes sociais, via internet. O maior ato foi em Brasília, onde a “Marcha contra a corrupção” com água, vassouras, faixas e manifestantes, com narizes de palhaços, cobraram do governo, do Congresso Nacional e do Poder Judiciário punição para os envolvidos nos últimos escândalos, incluindo os mensaleiros e a deputada Jaqueline Roriz, flagrada recebendo propina e recém-absolvida pela Câmara dos Deputados. Na outra metade da Esplanada dos Ministérios, a presidente Dilma assistia ao desfile cívico-militar da Independência e não ouviu os protestos, nem se deparou com o carro-chefe da manhã que trazia a faixa “PAÍS RICO É PAÍS SEM CORRUPÇÃO”. Outra faixa desabafava: “UM POBRE CIDADÃO TEM QUE VALER MAIS QUE UM POLÍTICO LADRÃO”.
Mas a luta contra a corrupção pode virar “fogo de palha” se não houver uma grande mobilização da sociedade. Um dos problemas é que da sociedade civil dita organizada não se deve esperar muito. A apatia de entidades sindicais e estudantis é reflexo direto do substancial aumento dos repasses que recebem, graças ao esquema do governo lulopetista, sem a obrigatoriedade de prestar contas do uso do dinheiro. Entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes) estão surdas e mudas. Aliás, a UNE parece esclerosada e não lembra mais quem é. Porém, o envolvimento de diversos setores na luta contra a corrupção já repercute, desde iniciativas isoladas até as institucionais, como o lançamento do “Observatório da Corrupção” pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a adesão da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), que publicou na grande imprensa o “Manifesto do Empresariado Brasileiro em Favor da Ética na Política”, entre outras entidades.
No 4° Congresso do PT, enquanto a presidente Dilma discursou defendendo as ações anticorrupção, o ex-presidente Lula em sua fala não tocou no assunto, como se nada tivesse ocorrido e ainda minimizou a crise de insatisfação na base aliada. Mas o que causou impacto foi a reapresentação das propostas polêmicas do governo Lula e que já haviam sido categoricamente descartadas pela presidente Dilma, entre elas a do “Marco Regulatório da Mídia” que pode significar o controle da imprensa. No texto aprovado pelo 4° Congresso do PT, a mídia, mais uma vez, é acusada de “conspiração contra o governo” ao denunciar os escândalos de corrupção em vários ministérios. Na interpretação de representativo número de cientistas políticos, ao forçar a inclusão, na pauta do governo Dilma, de um marco de regulamentação da mídia, contaminado por uma visão dirigista, intervencionista e objetivando enfraquecer a imprensa, é uma condenável volta ao passado e, pior, uma grosseira tentativa de subordinar a presidente Dilma ao PT. Mesmo o PT não assumindo a venda e a mordaça para a mídia brasileira, o que se sabe até agora desse tal “marco regulatório” é assustador. Para a OAB é censura mesmo, pois agride a Constituição.