Atleta do cabeção redondo
Com o corpinho sarado, arrancava o couro nos exercícios para endurecer a bunda. Na academia pegava pesado nas paralelas, sem tirar o olho do volumoso do colega malhadão que, usando uma microssunga atlética, sonhava ser o campeão mundial de fisiculturismo. Tanto mirou e admirou que, sem querer querendo, escorregou a mão e patolou a jiboia adormecida. Surpresa, na frente de todo mundo, tomou o maior esporr… do grandalhão que não gostou da ousadia. P da vida ela devolveu a esculhambação dizendo coisas de arrepiar os pentelhos.Quando deu entrada no hospital, com os dois olhos roxos e cheia de porradas nas maminhas, Zelma disse ter sido atacada pelo atleta brutamontes, que não gostou porque, ao tomar a patolada, foi descoberto que o volume era um recheio feito com pedaços de esfregão de pia torcido, conhecido como peru de pano. Mas havia outra coisa dentro da sunga, que parecia uma bola de ping-pong, “pra deixar o cabeção bem redondo”. A polícia registrou o fato e cabeção pode passar uns meses malhando na cadeia.
O corno do kuduro
Etewaldo levou a mulher pro ermitão, comeu a coroa no cacete, deixou a coitada toda esmulambada, sangrando em coma no matagal e voltou para casa com cara de cachorro lambido. Na cozinha, fez café ralo, esquentou e comeu um resto de sopa de entulho com pão dormido, ligou a TV, apanhou um velho revólver, botou o cano no ouvido e pumba. A primeira bala engasgou, a segunda e o resto todo, também. Destrambelhado, tentou recarregar a arma, mas o tambor não abriu. Sem saída, foi até a delegacia e anunciou: “Matei minha mulher na porrada e na cacetada. O corpo está num matagal próximo da minha casa”. No local nada foi encontrado. Quando chegaram na casa do réu confesso, a vítima, com a cara toda roxa e coberta de hematomas, estava visivelmente zonza, sentada num banquinho, tentando banhar o rosto com sumo de saião e sal grosso. Dois dedos da mão direita e a clavícula esquerda estavam quebrados e o resto do corpo coberto de hematomas de diversos tamanhos. Dois grandes galos na cabeça deixavam indícios de agressão à pauladas.
Na delegacia, disse que todas as noites nos finais de semana, Luzete fazia chá de calcinha com fundilho menstruado, misturava com boa noite Cinderela, dava para ele beber e caía na putaria empencada de machos. Desconfiado, no último sábado fingiu que bebeu e que dormiu, mas seguiu e viu a mulher atrás da Barraca do Dunducha, dançando kuduro para dois cachaceiros que já estavam sem as calças. “Depois de esmigalhada na porrada, pensei que essa prostiranha estava morta, seca e arreganhada no formigueiro. O resto, os senhores já sabem”, concluiu com um sorriso de corno estampado na dentadura cariada.
Jumento Ensaboado
O pai da namorada, técnico de futebol do time no qual jogava o seu futuro genro, após ter visto o ponta esquerda tomando banho no vestiário do clube, chegou em casa e proibiu terminantemente o prosseguimento do namoro, afirmando que, em caso de casamento, a união seria de alto risco e que a primeira noite não seria uma lua-de-mel, mas sim um assassinato por atropelamento sexual, antecipadamente absolvido pelo santo matrimônio. Como namorava ao estilo tradicional e antiquíssimo, ela negou ter qualquer conhecimento do fato, quando o pai falou da monstruosa visão do cajado do demônio pendurado e balançando, sendo ensaboado embaixo do chuveiro. Desobediente aventurou-se insensata e curiosa. Faminta, deixou-se possuir até que os gritos de dor se calaram e uma ambulância foi chamada. Diante do estrago feito, os médicos optaram pela retirada total do útero perfurado e uma intervenção plástica para recuperar a bacurinha e adjacências politraumatizadas. No IML, o acusado foi fotografado pelado, de frente. A foto será anexada aos autos para instruir o processo sobre a monstruosa arma utilizada pelo jumento do time.
Perereca com sardinha
Pra vender angu com sardinha frita, Cléo chegou pra festa da padroeira e montou o barraco perto do velho coreto da praça. Quando o dono do espaço chegou e exigiu a saída da posseira, ela gritou que, nem morta, veado nenhum tomaria o seu lugar. Quando Sílvio mostrou a licença de ocupação numerada e paga, ela mandou que ele usasse o papel para limpar o enrugadinho atrás de outra moita, porque aquela já estava ocupada. Ao ser avisada que a polícia e a fiscalização seriam chamadas, disse que levava todo mundo no papo, bastando oferecer uma onça ou uma garoupa, referindo-se as notas de 50 e de 100 reais. Quando os homens chegaram, mandou todo mundo ir tomar e ameaçou despejar um tacho de banha fervendo na cara de quem se aproximasse.
Um barraqueiro, velho conhecido da encrenqueira, afirmou que Cléo tinha mania de esfregar a sardinha na perereca antes de fritar e que, para não gastar com papel absorvente, secava o peixe numa cueca samba-canção que ela usava em lugar da calcinha. O outro disse que a barraqueira fazia cocô num jornal embaixo do balcão, “razão pela qual o angu tinha cheiro de merda com sardinha podre”. Pressionada, despejou na lagoa todos os alimentos estragados que pretendia vender e pirulitou da cidade antes de ser punida por desacato, detida por poluição ambiental e ser processada pelo Serviço de Vigilância Sanitária.
Explodiu a bunda da vítima
Depois do temporal, Deraldo estava parado na beira da rua, quando um carro passou dentro de um buraco e lançou uma porrada de lama de caixa de gordura, água podre de esgoto, restos de tripa de peixe e estrume de vaca em cima dele. O motorista deu uma paradinha e além de ouvir todos os palavrões do mundo, viu o encharcado arriar, mostrar e arreganhar a bunda para ele; a outra coisa ele só balançou. Indignado foi tirar satisfações e ouviu mais uma sessão de nomes feios e uma nova série de arreganhos. Roxo de ódio, sacou uma Lugger 45, arma usada pelos alemães durante a II Guerra, municiada com balas de dupla explosão e sapecou dois tiros nas fartas bochechas do bundão molhado. A aba direita sofreu perda total e ficou irrecuperável. Médicos estão tentando salvar a parte esquerda da solapada bunda desfigurada que, até o fechamento desta edição, já tinha recebido cento e noventa e três pontos, mas mesmo assim vai sobrar muito pouco para servir como almofada de privada.
O motorista fugiu sem que a placa do carro fosse anotada. Deraldo continua no hospital internado de barriga para baixo com um ventilador soprando direto no olho do fiofó.
Caro amigo,
As matérias publicadas na parte policial do nosso jornal, me deixam enojados e envergonhados de ser Saquaremense. É uma afronta pro jornalismo e pra sociedade as palavras chulas que tal escritor (se podemos denominá-lo assim) usa para descrever os casos policiais de nossa cidade.
Lembro aos senhores responsáveis que este é um meio de comunicação pública sem restrições de idade e que atingem leitores de várias idades. Tais palavras escritas nas matérias são de tão baixo escalão que ofendem e desmoralizam qualquer jornal do mundo, por menor que ele seja.
Já havia lido algumas outras matérias e achei que fosse apenas aquelas, mas percebi que as matérias continuam sendo escritas com termos pornográficos e de insulto a moralidade dos leitores.