O Senado vai homenagear no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, 5 mulheres que irão receber o Diploma e a Medalha Bertha Lutz. Entre as 28 candidatas, Maria Prestes, viúva do líder comunista Luiz Carlos Prestes, foi a mais votada. A medalha criada para homenagear mulheres que se destacaram na luta pela transformação social e na igualdade de gênero também será entregue à presidenta Dilma Rousseff, à ex-senadora Eunice Mafalda, à socióloga Ana Alice Costa e à sindicalista rural Rosali Scalabrin.
Maria teve ligação com o PCB na infância, através de seu pai. A militância na juventude foi sucedida pela responsabilidade de trabalhar no aparelho de segurança de Prestes, na década de 1950, com quem constituiu uma vida em família, com 9 filhos. Com uma vida clandestina digna de roteiro de cinema, Maria foi para o exílio na União Soviética, de onde retornou no processo da anistia. Hoje, Maria vive no Rio de Janeiro e tem uma agenda cheia de viagens. Mas nas temporadas de verão, é em Saquarema, em Barra Nova, que Maria vem descansar, sempre cercada do carinho dos filhos e netos.
No início de janeiro, a família Prestes doou o acervo do líder político para o Arquivo Nacional. Composto por 27 pastas de documentos e 10 álbuns de fotografias, o arquivo contém grande parte da historia do “Cavaleiro da Esperança”, que se confunde com a própria história da esquerda no Brasil. São manifestos políticos, denúncias contra a ditadura, análises da conjuntura política e social, cartas e fotos, inclusive da intimidade doméstica. Uma foto, publicada na coluna do Ancelmo Góis, no jornal O Globo, revela Prestes de sunga na Praia do Sossego, Ceará, em 1989. A doação do arquivo e a publicação desta foto gerou um atrito entre a viúva e a filha mais velha do líder, Anita Leocádia, fruto da relação de Prestes com Olga Benário, morta num campo de concentração nazista, na Segunda Guerra Mundial. Anita considerou um desrespeito a foto de Prestes na praia, mas Maria rebateu dizendo que desrespeito é imaginar que toda a vida ele andou de gravata!
“Ele andava de sunga, camiseta, pijama e adorava arrastar o chinelo”, revelou Maria. A foto foi publicada na Revista de História da Biblioteca Nacional, que traz esse mês uma grande entrevista com Maria. Segundo Luiz Carlos Prestes Filho, presente na cerimônia, o arquivo é um registro histórico do trabalho de seu pai. Um dos destaques é o Relatório da IV Reunião do Comitê de Solidariedade aos Revolucionários do Brasil, de 1976, que lista o nome de 233 torturadores. (Dulce Tupy)