Sim, “a vida é bela”, bem o sabemos. Mas tantas vezes nos queixamos de problemas tão pequenos, tantas vezes deixamos que dificuldades mínimas apaguem nosso sorriso e afetem a nossa felicidade, que a crônica de hoje é verdadeira lição de vida para todos nós.
E quem nos dá essa lição é Eliana Zagui, que há 36 anos vive deitada na UTI do Instituto de Ortopedia do HC de São Paulo. Ela teve paralisia infantil aos dois anos de idade, perdeu os movimentos do pescoço para baixo e está conectada para sempre a um respirador artificial, só conseguindo ficar por algumas horas longe do mesmo.
Na cama, ela “se formou no ensino médio, aprendeu inglês, italiano, fez curso de história da arte e tornou-se pintora. Tudo isso usando a boca para escrever, pintar e digitar”, informa-nos Cláudia Collucci, em comovente reportagem na “Folha de São Paulo” de 10/04/12. Mas os feitos extraordinários de Eliana Zagui continuam, porque em 11/04 ela deve ter lançado seu 1° livro (de memórias e escrito com a boca) intitulado Pulmão de Aço – uma vida no maior hospital do Brasil, pela Belaletra Editora.
Seus parentes raramente a visitam. Diz ela: “Não me magôo mais. Já sofri muito e hoje aprendi que cada um é cada um.” Em compensação, já chegou a ter 3.000 amigos virtuais. Mas revela que fez “uma limpa no final do ano” e só deixou uns cem. Agora tem uns 300, mas precisa “limpar de novo”.
Quanto ao livro, ela espera que ele ajude “aqueles que não querem nada com a vida”. E acrescenta: “É claro que cada um tem as suas dores. A minha desgraça não é maior que a sua e nem a sua é maior que a minha. Mas é sempre bom poder aprender a tirar o que vale a pena da vida.” Valeu, Eliana!