O Brasil está comemorando o Centenário de Nascimento de um dos seus mais populares e queridos escritores: Jorge Amado, nascido em 10 de agosto de 1912, em Itabuna (Bahia). Segundo suas próprias palavras ele sempre viveu “de maneira ardente e impetuosa”. Natureza esta que se reflete em sua “obra torrencial, humana, quente de vida e pecado”, como descreveu Carlos Heitor Cony.
Mas não foi nada fácil sua trajetória até a glória e a imortalidade. Aos 14 anos, já trabalhava na redação do jornal o “Diário da Bahia”, e, na humilde condição de repórter de polícia, tinha por dever, todos os dias, saber das mortes violentas para o noticiário do jornal. Ele mesmo declarou que “com outros aprendizes de escritor” freqüentou “botequins, bares, prostíbulos” e que viveu na adolescência, “de forma intensa e ampla, a vida popular baiana, em todos os segmentos”; viveu “com o povo no meio do povo (…)” e lá obteve a matéria prima utilizada em seus livros.
Jorge Amado (quem diria?) teve seus livros queimados em praça pública no Estado Novo, foi preso, cassado em seu mandato de deputado (pouco depois do PCB ser posto fora da lei); exilou-se voluntariamente em Paris, devido à perseguição política; e teve sua casa, no Rio de Janeiro, invadida pela polícia, com livros, fotos e documentos apreendidos. Não obstante isso, o povo ia amando e consagrando sua obra. Em 1961, é eleito para a Academia Brasileira de Letras, e, em 1998, recebe o Prêmio Camões, considerado a maior láurea na língua portuguesa.
Ave, Jorge! Amado Jorge, autêntico porta-voz do povo brasileiro (sobretudo do baiano) como ele mesmo, acertadamente, se considerava.