Ladroagem à inglesa
A gang comandada por Filó, fino ladrão, maneiro e altamente requintado, só furtava objetos em excelente estado e antecipadamente encomendados pelos interessados em negócios envolvendo trambicagens e safadezas. Com preços pré-combinados, o esquema era sofisticado; tinha até linha direta, um “disque-roubalheiras” e e-mail “sonamaogrande…@…..” para atender clientes assíduos e portadores de cartão Vip Excelência, esses com direito a entrega em domicílio. Investigado por um serviço reservado oficial, o esquema foi acompanhado passo a passo durante 3 meses, até a descoberta dos envolvidos e do maestro da rede de furtos orquestrada por Filó.
Uma casa de altos e baixos, salões, mobílias de épocas passadas, spa, grandes garagens, enormes jardins e piscinas, localizada no bairro do mais fino trato da cidade, era usada pela gang como depósito clandestino do material que era furtado nas grandes cidades do país. Com mania de grandeza, Filó não perdeu a pose de lorde inglês e nem o refinamento de moço gentil e educado. Pediu por favor para se vestir, pois não estava usando trajes adequados para ir à delegacia. Ofereceu chá com torradas salpicadas com parmesão e gorgonzola, cobertas com extensa camada de queijo brie francês. Disse que cookies de mel com nozes, passas e castanhas, também estavam à disposição dos policiais e pediu desculpas por não poder oferecer jantar, porque a intenção era terminar a noite entre rodadas de lagostas e vinhos raros que estavam sendo oferecidas por um amigo.
Recusadas as ofertas, foi concedida a troca de roupa sob as vistas de um policial. O ladrão saiu do quarto na maior granfinagem, todo becado no linho escocês e algodão egípcio. Tirou da caixa um sapato novo italiano, feito a mão por encomenda e usou meias de seda tecidas pelas artesãs fiandeiras da Ilha de Java, na Indonésia. Nas garagens da casa a policia flagrou 3 Mercedes sport, 1 Jaguar, 2 BMW e um espaço acarpetado em vermelho reservado para uma Ferrari que estava chegando de São Paulo. Tudo furtado com finura de primeira classe.
As penas da pomba-rola
Quando o rapaz da entrega chegou, Katinha estava só de calcinha fio dental, esperando a encomenda. Como o moço bonitão não gostou do que viu, recusou a oferenda. Frustrada nas suas intenções meteu a boca no mundo, gritando assédio sexual, estupro não consensual, entregador pererequeiro e viciado arrombador de redondos pregueados. Não satisfeita continuou, maluco, tarado, professor de imoralidades e exterminador anal das senhoras sérias do bairro. O escândalo foi tão grande que a vizinhança correu para salvar a suposta vítima do desumano predador. Acuado pelos moradores, Marcelo não teve chance de contar a verdadeira história; entrou feio na porrada e quase foi linchado pela galera, porém a polícia não engoliu os argumentos de Katinha, cuja fama e estratégias de conquista são bem conhecidas por todos os prestadores de serviços da cidade. Segundo relato de antigos moradores, ela comeu todos os pedreiros que trabalharam na obra de construção da sua residência. Os eletrodomésticos da casa vivem com defeitos e a romaria de técnicos se estende numa fila diária que não acaba nunca. A calcinha de Katinha foi descrita com tal riqueza de detalhes que até as penas que cobrem a boca da perereca foram ditas como sendo provenientes da tabaca da pomba-rola, devidamente descoloradas com água oxigenada.
Perereca sem torneira
Bebona na noitada, Malvina saiu do forró e resolveu tomar um táxi. Muito zureta, mal entrou, sentou e vomitou no interior do veículo. Na sequência esparramou uma longa e quente mijada no banco de trás. Irritado, o motorista berrou: “ou limpa ou te como na porrada, sua vaca, porca, maldita”. Desaforada e com a boca meio torta mandou o taxista ir tomar… Agressiva, berrou que mijou porque pomba não tem torneira e nem registro pra fechar e que vomitou porque comeu um cachorro-quente podre na carrocinha da esquina.
No bate-boca o caso esquentou e virou briga de porrada. Alucinado, o motorista destrambelhou e torceu a cara da pinguça com um bofetão no pé da orelha. O irmão de Malvina, que também estava embuchado de cachaça, comprou a briga da mana. Na delegacia, ficou tudo acertado. O carro vai ser lavado no posto e todos os prejuízos serão pagos ao taxista. As partes não registraram queixa.
A festa de Legario trambiqueiro
Metido a malandro, Legario comprou por 20 reais o vasilhame, o gás, o carrinho do pé do bujão e até a sainha plástica de linholene usada para enfeitar a coisa. No dia seguinte o mesmo vendedor trouxe um micro-ondas, 15 reais, uma refresqueira elétrica e um jogo de panelas inox, tudo por 18 reais, um DVD Blue Ray, 10 reais, um micro system, por 20 e finalmente, uma TV de plasma , 46 polegadas, que fixou em 150 reais. Legario chorou, pechinchou, mas nem um tostão a menos, afirmou Bimba, o portador da muamba. E claro que ele comprou.
Quinze dias depois de ter sido preso, Bimba Bombado entregou todos os receptadores. Quando a polícia chegou na casa de Legario a festa de aniversário de Clotilde estava comendo solta. Na sala, o imenso telão era só HD, no forno salgadinhos quentes, na refresqueira, vinho gelado e fila pra encher caneca e, no micro-ondas, sacos espocando pipoca para alegria da garotada. Na prateleira um festival reluzente de panelas inox. Tudo roubado, gritou Bombado, apontando para os objetos. Então enfia a festa no camburão, determinou a autoridade. Legario continua comendo salgadinhos no xadrez, Clotilde tirou o dela da reta e disse que não sabia de nada, mas o ladrão afirmou que Clô tinha total conhecimento da procedência ilícita dos objetos e que as panelas tinham sido antecipadamente encomendadas pela aniversariante “para tirar uma chinfra com os convidados”.
Papada pelo Lobo Mau na Floresta do Retiro
Faustino, o Lobo Mau, caçava vitimas na Floresta do Retiro, quando pelo caminho, lá vinha Creusa, cantarolando despreocupada, trouxa de roupa na cabeça e olhar perdido no matagal, quando num só bote tomou um puxão e caiu sentada na trouxa de roupas, pernas pro alto e a coisa de fora. Com os dentes arreganhados Lobo Mau disse babando: “ Dê cá o pé, Oh Cinderela! Olha só o tamanho do butinão”, Mostrou a coisa e na maior secura comeu o pé e o resto todo. Foram horas de vuvo-vuco na soca da pitangueira e durante o interminável estupro exigia ser chamado de sanguinário, estrangulador e monstro. Cuspiu na cara da vítima, urinou nos lençóis da trouxa e prometeu barbaridades sexuais cheias de ameaças de morte e esfaqueamento. Nem sequer se deu conta quando alguém passou e Creusa gritou: A polícia chegou! O lobo caiu no mato, mas foi caçado e preso. Na delegacia a vítima contou detalhes e, durante o reconhecimento, afirmou que o estuprador pretendia executá-la por sufocamento. A polícia acha que Faustino já fez outras vítimas que, por medo e vergonha, resolveram ocultar o fato.
Marinho e suas matérias policiais… Sempre nota dez. Sabe fazer notícia com tempero de humor. Parabéns.