Machado de Assis, considerado o maior escritor brasileiro, nasceu e viveu, uma grande parte da sua vida, no Morro do Livramento (Rio-RJ). Filho de um pintor e de uma lavadeira, mulato (na linguagem de hoje, afro-descendente), gago e epiléptico, ele enfrentou e venceu preconceitos e todas as dificuldades. Chegou ao topo, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL) e seu primeiro presidente. Sem dúvida, foi um vencedor e imortalizou-se, sobretudo, pela extraordinária qualidade da sua obra literária.
Nélida Piñon, também da ABL, costuma dizer que “se Machado de Assis foi possível, o Brasil também é possível”. Possibilidade essa que vai se transformando em realidade, através da educação, da inclusão social e do desenvolvimento.
Recentemente, aconteceu um evento inédito no Morro dos Prazeres (Rio – RJ): a 1ª Festa Literária Internacional Das Unidades De Polícia Pacificadora (FLUPP), idealizada pelo jornalista Julio Ludemir, seguindo as pegadas da já famosa Festa Literária de Paraty.
Segundo seu idealizador, “a leitura já é reconhecida como um instrumento de mobilidade social e o livro não deve ser exclusivo da elite” – declarou à “Folha de São Paulo”, de 12/11/12, em bela reportagem de Eleonora de Lucena.
Assim, a festa reuniu a presença de renomados escritores, debates, shows de música (de um coral de mil vozes das escolas cariocas até o rap de MV Bill), apresentações de teatro, dança e exposições. E Lima Barreto foi o escritor homenageado do evento.
Ana Maria Machado, presidente da Academia Brasileira de Letras, e João Ubaldo, também acadêmico, falaram no palco para uma platéia atenta e emocionada sobre “o prazer de ler e escrever”, plantando as sementes para futuros leitores e escritores (quem sabe?). Ela, “que já desenvolve projetos em morros cariocas, defende que a ABL tenha uma abertura cada vez maior para as comunidades carentes”. E finaliza, com palavras do escritor italiano Gianni Rodari: “É preciso que todos tenham acesso a todos os usos da linguagem, não para que todos sejam artistas, mas para que ninguém seja escravo”. No que concordamos plenamente!