É incompreensível. É surpreendente. É lamentável, como os políticos de esquerda receberam a notícia da morte do ex-governador de Goiás Mauro Borges Teixeira, um dos poucos governadores que se aliou em 1961 ao então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. Mauro Borges era filho do ex-governador e senador Pedro Ludovico Teixeira. Fez parte da “Cadeia da Legalidade”, quando a exemplo de Brizola, que instalou a rádio Guaíba no Palácio Piratini, ele fez o mesmo com a rádio Brasil Central de Goiânia, levando-a para dentro do Palácio das Esmeraldas.
Na “Coluna do Moreno”, o jornalista Jorge Bastos Moreno, lembrou que o governador Mauro Borges começou a ser perseguido pelos militares através das instaurações de inquéritos policiais e militares, os famosos IPMs, nos quais era acusado de “corrupto e subversivo”. Quem acompanhou o noticiário daquela época, registra a revolta do senador Pedro Ludovico em defesa do filho: “de que acusam o meu filho, de corrupto e subversivo? Desde cedo, ainda quase menino, entreguei-o às Forças Armadas do meu país. Se meu filho hoje é apontado por essas mesmas Forças Armadas como corrupto e subversivo, então quem o fez assim foi o próprio exército brasileiro.”
Os militares insistiram que Mauro Borges teria de ser processado e preso pelo Superior Tribunal Militar e recomendou que a Assembleia Legislativa de Goiás o investigasse. Mas o advogado Sobral Pinto impetrou no Supremo habeas corpus a favor de Mauro. O Supremo concedeu por unanimidade. Ainda assim, os militares decidiram depor Mauro Borges, assumindo o governo de Goiás, como interventor, o ex-comandante do 16º Batalhão de Caçadores de Cuiabá, o então coronel Carlos de Meira Matos. Seguindo a lógica que pauta a memória política, uma evidência fica marcada: Mauro Borges foi um importante nome da história política deste país.