As festas religiosas em Saquarema são mais do que uma tradição. São um hábito que passa de geração em geração, ao longo dos séculos, desde que foi achada por pescadores a imagem de Nossa Senhora de Nazareth no penhasco onde hoje se encontra a igreja matriz. Foram os portugueses, no período colonial, que trouxeram para cá o costume das folias, tanto a Folia de Reis como a Folia do Divino, que permanecem até hoje. Fontes de profunda tradição católica e popular, as folias em Saquarema já foram tombadas, assim como a Festa de Nossa Senhora de Nazareth, como patrimônio imaterial do município. O projeto de lei foi do ex-vereador Rafael Pinheiro, preocupado com a preservação da nossa cultura popular religiosa.
Este ano, a Festa do Divino, com procissão, coroação do imperador-menino e sua corte imperial, bandeiras, reza da mesa, banquete comunitário, banda de música e grupo de foliões, foi mais uma vez uma confirmação da religiosidade que permeia Saquarema, ao longo do ano. Logo depois, o Corpus Christi, com sua procissão majestosa sobre os tapetes de sal e a missa campal, deram mais uma vez o tom de uma das manifestações religiosas que atraem maior número de fiéis a cidade, incluindo o turismo religioso que hoje é fonte de renda para muitos municípios.
Nos meses de junho e julho, as festas juninas e julhinas, com suas quadrilhas, bandeirinhas, quitutes doces e salgados, canjica e caldos, se mantém nos três distritos, começando pela Festa de Santo Antônio, em Bacaxá, passando pela de São João, no centro de Saquarema, este ano prejudicada pela chuva, e culminando com a Festa de São Pedro, na lagoa, organizada pela Paróquia, Prefeitura Municipal e Colônia de Pescadores. Este ano, a tradicional procissão de barcos começou no Boqueirão, parou na sede da Colônia Z-24 e se encerrou na Praça dos Pescadores, onde se encontrou com a procissão do Sagrado Coração de Jesus, que desceu com os devotos do alto da igreja de Nossa Senhora de Nazareth.
Saquarema é o berço do primeiro Círio de Nazareth no Brasil, uma tradição portuguesa que chegou com os colonizadores e se espalhou pelo país. A festa que atrai devotos de todo o Estado do Rio de Janeiro, não encontra porém no município a infraestrutura que necessitaria para ser divulgada em grande escala, ao contrário de Belém do Pará, onde a Festa de Nazaré cresceu tanto que hoje vem se consolidando cada vez mais pelo seu gigantismo. Na verdade, no norte a festa dura um mês, com várias atrações e se encerra com uma procissão que é uma atração não só religiosa, mas também turística, com milhares de devotos de todo o país.
Nos últimos anos, a Nossa Senhora de Nazaré de Belém do Pará costuma visitar Saquarema e a Nossa Senhora de Nazareth (observar que a grafia é diferente para cada santa). É um ato simbólico relevante para os católicos locais que encontram nesta oportunidade uma forma de reforçar a fé na santa padroeira do município, desde 1630, no século 17. Com sua feição atual construída no século 19, em estilo barroco, a igreja é o maior símbolo da cidade, no alto do morro, onde foi encontrada a imagem de Nossa Senhora de Nazareth, por simples pescadores.