Cidade Dulce Tupy

Os 30 anos da Passarela do Samba Darcy Ribeiro

Editorial - Dulce Tupy

Os 30 anos de fundação da passarela do samba foram lembrados pelo “Bloco do 12, o Bloco que Faz Escola” que saiu no centro do Rio, em frente ao prédio da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, entre o Teatro João Caetano e o Real Gabinete Português de Leitura. Foi uma homenagem a Brizola, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer, pela construção do sambódromo. Quando Brizola construiu o sambódromo – hoje Passarela do Samba Darcy Ribeiro – com o objetivo de ser também uma grande escola, durante o ano inteiro, houve intensa campanha, capitaneada pelas Organizações Globo, dos que se opunham ao projeto, dizendo que as arquibancadas iam cair, que não seria bom para o desfile, que a sonorização e a iluminação não seriam possíveis, etc.
No entanto, a passarela do samba foi construída em tempo recorde – 110 dias – dando grandiosidade ao desfile das escolas de samba, acabando definitivamente com o monta e desmonta das arquibancadas (fato registrado no samba da Beija Flor esse ano), influenciando os desfiles carnavalescos em todo o país, onde pipocaram outros sambódromos semelhantes ao sambódromo do Rio. Em 1984, o então vice-governador Darcy Ribeiro também introduziu várias mudanças, entre elas a divisão do desfile das escolas do primeiro grupo em 2 dias – para tornar o espetáculo melhor e menos cansativo. Para quem se interessa pelo assunto, está circulando no You Tube o vídeo Sambódromo 30 anos.
Foi ali, no sambódromo, que eu vivi alguns de meus melhores momentos; dias e noites memoráveis! Desde a inauguração da passarela, junto à comitiva do governador Leonel Brizola, como jornalista da Revista Visão, até a abertura da primeira exposição do Museu do Carnaval, na Praça da Apoteose, anos depois, da qual fui uma das pesquisadoras, em 1988 e no qual trabalhei durante o ano de 1989. Eu havia lançado em 1985, o livro “Carnavais de Guerra, o nacionalismo no samba”, fruto de uma pesquisa elaborada sobre os sambas-enredo nos anos 1930, com uma bolsa de estudo da Funarte (Fundação Nacional de Arte).
Eu já tinha feito também uma exposição de fotografias do carnaval angolano, “Carnaval da Vitória – Gente de Angola”, no Museu da Imagem e do Som, no Rio, no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte e na Sala Funarte, em Brasília, entre outros espaços. Assim comecei a ser considerada uma autoridade em samba, carnaval e cultura negra, tendo sido convidada pelo Dr. Hiran Araújo, então na RioTur, para ser julgadora do Desfile Especial das Escolas de Samba, a pedido da recém formada Liga da Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). A partir daí, julguei os quesitos fantasia, samba-enredo e conjunto, ao longo dos anos, até me mudar para Saquarema, onde fui me desligando aos poucos da vida social e intelectual que vivia intensamente no Rio, na época ocupando o cargo de diretora do Museu Carmem Miranda.

 

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