Todo mundo sabe e está até na letra do Hino de Saquarema que a emancipação político-administrativa do município ocorreu em 8 de maio de 194l, a partir de um decreto do então presidente da Província do Rio de Janeiro, Visconde de Baependy. A Lei 238 criava uma vila no arraial denominado de Nossa Senhora de Nazareth de Saquarema, pertencendo então à Comarca de Cabo Frio. Porém a instalação efetiva da Câmara Municipal só ocorreu no dia 3 de outubro de 1841, no prédio construído e doado pelo Barão de Saquarema, quando se realizou a primeira eleição de vereadores, sob a presidência do juiz de paz. A posse festiva porém só se realizou no dia 3 de novembro, com a cidade em festa, ruas enfeitadas e bandeiras.
No Paço Municipal, os fazendeiros com suas comendas e condecorações, as irmandades com seus estandartes, a banda de música Sociedade Musical de Saquarema, sob a regência do maestro Francisco Antonio da Silva Pimentel, o vigário Padre Joaquim da Costa e populares aclamaram os nomes do Imperador Pedro II e do Visconde de Baependy, do Barão de Saquarema e do Dr. Joaquim Mariano de Azevedo Soares, o vereador mais votado, que se tornou o primeiro presidente da Câmara e empossou os demais eleitos: Antonio Joaquim Torres Braga, Liando Antonio Ferreira, Joaquim José Marques Madureira, Antonio Gonçalves Lima, Manoel José da Costa e Joaquim José de Souza. O Dr. Joaquim Soares, primeiro presidente da Câmara, era médico, cavaleiro da Ordem de Cristo e oficial da Imperial Ordem da Rosa, da qual também fazia parte o Barão de Saquarema, o mais influente político local.
Porém, o jovem município – que incluía Araruama – só durou 18 anos, pois em 1859 a sede da Vila de Saquarema foi transferida para Mataruna, mexendo com os brios dos saquaremenses. O motivo eram as desordens havidas desde as eleições de 1844, protagonizadas pelo Padre Ceia que, como subdelegado de policia, expedia portarias aos inspetores de quarteirão, autorizando-os a fazerem violentas buscas e prisões. Segundo os Anais do Senado da época, o temido padre mandava até matar, se julgasse necessário, em caso de resistência. Mas a anexação a Araruama durou menos de um ano, até 1860, quando Saquarema retomou sua categoria, independente de Araruama que se uniu a São Vicente de Paulo, formando um novo município. Em 29 de janeiro de 1861, Saquarema comemorou então com uma grande festa o seu retorno à condição de Vila que duraria até 1890, já no período republicano, quando finalmente ganha o título de cidade.
Tenho interesse em conhecer mais sobre a relação de meu bisavô Antônio Gonçalves de Lima Torres e a história de Araruama e Saquarema. Teriam acesso a alguma certidão na Igreja de N. Sa. de Nazaré. Consta que o pai dele o também médico da Corte José Antônio Goncalves de Lima casou nesta igreja … por volta de 1820 / 1825 e morreu de malária ao tratar de uma tribo indígena … onde havia epidemia desta doença… sua família ( esposa e filha foram dizimadas por esta doença e só restou ( com 6 anos – 1834 ) o filho Antônio que 30 anos depois desta catástrofe teria sido vereador de Araruama.