Se houve uma consequência positiva, no chocolate alemão que o Brasil levou, foi a lição de mais humildade aos “patrioteiros” e à arrogância ufanista dos que empurram ilusões nos comerciais. É preciso aprender com as derrotas, ainda mais as trágicas como esta. Mas as derrotas só ensinam se, realmente, quisermos aprender. É muito importante fazer autocrítica de que bravatas, ufanismos, arrogâncias e autossuficiência são a porta de entrada para as perdas sofridas, mas são técnica, onde Felipão e Parreira se declararam favoritos e com “a mão na taça”, comportamento que pesou tanto sobre os jogadores que a psicóloga da delegação brasileira teve tanto trabalho quanto o médico e o massagista.
Muitos criticam o hábito brasileiro de caça às bruxas. Mas essa é uma reação natural do ser humano em qualquer ramo de atividade. Psicólogos garantem que o sentimento de culpa é um dos grandes desafios íntimos mais difíceis de transcender. No caso do fracasso da Seleção parece indiscutível que a Comissão Técnica errou ao desconsiderar a força alemã e não reconhecer que o Brasil deveria jogar com cautela. O fantasma de 1950 voltou com um traje diferente, ao estilo do século 21, mas com o mesmo oba-oba. O próprio presidente da CBF, José Maria Marin, foi autor de frase muito infeliz: “Só uma fatalidade nos tira o título!” Será que ele estava “adivinhando” a contusão de Neymar e achou que ficaria salvo das críticas se pronunciasse esta idiotice?
Na Copa das
Copas houve
a vergonha
das vergonhas
Na medida em que a seleção brasileira ia chegando, diga-se de passagem, aos trancos e barrancos à semifinal, ficou bem claro que o Palácio do Planalto assanhava-se em aparecer como responsável pelo sucesso da Copa e tudo passou a ser encaminhado para que a presidente Dilma revertesse aquele constrangimento da abertura da Copa quando, mesmo não discursando com medo das vaias, foi xingada em uníssono no Taqueirão. Com a Seleção se classificando para as semifinais, Dilma confirmou que entregaria a taça ao campeão e definiu as vaias como “ossos do ofício”, na arrojada esperança de que, entregando a Copa do Mundo ao capitão Thiago Silva, tudo lhe seria perdoado. A programação era associar sua imagem à da Seleção pretensamente vitoriosa num ano de eleição.
Empolgada, a presidente Dilma ensaiou querer usar a Copa como trampolim político-eleitoral. Primeiro, por causa do êxito do evento em si. Depois, diante da eminência do hexa já preparava a amplificação do ataque aos “pessimistas” nos palanques. Mas nunca uma seleção brasileira perdeu de 7 em uma semifinal, onde geralmente os jogos são equilibrados. Mas nada disso teria a ver com a presidente Dilma se ela não tivesse tentado, afoitamente, aproveitar-se da Copa em benefício da sua candidatura. Tendo feito isso, pensado e aprovado, o vexame diante da Alemanha pode respingar na presidente.