Relembrar um importante período da História do Brasil através da narrativa da família de Luiz Carlos Prestes é um daqueles momentos em que o conteúdo dos livros toma outra dimensão e torna viva a História. Dessa forma, alunos da FAETEC de Bacaxá, em Saquarema/RJ, e demais presentes tiveram a oportunidade de ouvir a viúva e o filho do “Cavaleiro da Esperança”, Maria Prestes e Luiz Carlos Prestes Filho, que pontuaram a importância da participação dos jovens para o fortalecimento da democracia, citando inclusive que Prestes tinha 26 anos quando liderou a chamada Coluna Invicta, obtendo esse nome porque nunca foi abatida.
Depois da solenidade de abertura, houve a projeção do documentário “O Velho”, de Toni Ventura, que apresenta a jornada do comandante Prestes, ao abraçar à luta contra o governo, marchando pelo interior do país com 2 mil homens, quando conhece a verdadeira face do povo brasileiro, tornando-se desde então um líder em busca de justiça social. O auditório da FAETEC também recebeu uma exposição sobre a Coluna Prestes, cedida pela Fundação Maurício Grabois.
O evento sobre os 90 anos da Coluna Prestes e os 50 anos do Golpe de 1964 aconteceu durante a semana de 3 a 7 de novembro. Presente, o vereador Chico Peres, incentivador da cultura e das artes no município de Saquarema, fez questão de falar o quão importante são esses momentos que trazem a versão dos fatos por quem viveu a história.
Rememorar para
nunca reviver
Dentro da proposta de manter viva a História, o Golpe de 1964 foi lembrado, nos dias 4, 6 e 7, inicialmente com a exibição do filme “O ano em que meus pais saíram de férias”, dirigido por Cao Hamburger, que narra o período da ditadura pelo olhar de uma criança de 12 anos. O debate foi mediado pela jornalista Dulce Tupy, editora do jornal O Saquá, com participação de Maria Prestes, que ficou exilada durante 10 anos na Rússia, e do jornalista, escritor e poeta José Leal, exilado por 30 anos na Alemanha. A emoção tomou conta da noite, marcada pelas lembranças ainda latentes na memória.
O ciclo de cinema trouxe também o filme “O que é isso companheiro?”, de Bruno Barreto, inspirado no livro de Fernando Gabeira, que foi muito bem aceito pelos jovens presentes na plateia. A noite ainda teve a participação da professora Edna Calheiros e do professor Ivan Cavalcanti Proença, que além de testemunha histórica do dia do Golpe de 1964, como capitão do exército, sofreu prisão por 58 dias e perseguição política durante vários anos, como professor. Na ocasião, Ivan doou dois livros de sua autoria para a biblioteca da FAETEC.
Assíduo em todos os dias da programação, o aluno do curso de Petróleo e Gás, Douglas Rafael, de 19 anos, ressaltou: “o sentimento de quem participou dos fatos históricos não está nos livros”, sensibilizado com as narrativas dos participantes. O evento se encerrou com o documentário “Calabouço, um tiro no coração do Brasil”, de Carlos Pronzato, sobre o assassinato do jovem Edson Luis num restaurante estudantil, no centro do Rio, em 1968, cuja repercussão foi o estopim da primeira manifestação de resistência ao Golpe de 64. Participaram dos debates os “calaboucianos” Paulo Gomes e Geraldo Sardinha, produtores do filme. A semana de reflexões gerou um documentário que está sendo produzido pela empresa REC+. O evento foi uma parceria da FAETEC, com a Fundação Maurício Grabois, o Instituto Rede Democrática, a AMEAS (Associação de Mulheres Empreendedoras Acontecendo em Saquarema) e o jornal O Saquá/Tupy Comunicações.
O evento contou com a participação de personalidades da vida cultural da cidade, como a professora Lina Barcellos, da Academia Saquaremense de Letras, a presidente do CACS (Centro Artístico e Cultural de Saquarema), Telma Cavalcanti, e os secretários municipais da Mulher, Rosangela Borges, e da Agricultura, Abastecimento e Pesca, Welington Mattos, entre outros. Professores da FAETEC também estiveram presentes, entre eles a coordenadora pedagógica Patrícia Santos e o professor Julio Furtado, da turma do curso de Segurança do Trabalho, uma das mais assíduas.