Uma das mensagens das urnas foi a de uma vitória com sabor de derrota. A vitória de Dilma por apenas 3,2 pontos percentuais sobre o oposicionista tucano, Aécio Neves, é equivalente à metade da já estreita margem registrada em 1989: 51,64% contra 48,36%, significando uma diferença, em números redondos, de 3 milhões de votos, correspondente a um eleitorado pouco maior que o da Paraíba. Tivemos, agora, a eleição presidencial mais parelha dos 125 anos da história da República brasileira, deixando o país dividido entre o bloco dos que produzem e pagam impostos e o dos que se beneficiam desses impostos com os programas sociais oferecidos pelo governo petista, dentre eles o Bolsa Família que sustenta 50 milhões de dependentes, representando 25% da população brasileira que não admite mudanças em Brasília por razões óbvias.
A presidente Dilma e o PT saíram das urnas enfraquecidos, com menos do que jamais conseguiram tanto para a Presidência da República quanto para o Congresso. O PT continua com a maior bancada da Câmara, mas perdeu nada menos que 18 deputados federais. No Senado, continuará sendo a segunda maior bancada, mas com um senador a menos, o Eduardo Suplicy (SP). O PT elegeu apenas 5 governadores e será o partido governando a menor percentagem do PIB nacional. O PSDB continuará governando a maior parcela do PIB (44,4%), seguido pelo PMDB, com 22,4%, com o maior número de governadores, sendo 2 em estados que se situam entre os maiores colégios eleitorais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Se dividirmos em números redondos, o eleitorado entre os que votaram em Dilma, os que preferiram o candidato da oposição, Aécio, e os que se abstiveram ou votaram nulo e branco, encontraremos a seguinte questão: aos 38% que votaram na presidente, Dilma terá que provar coerência; aos 36% que optaram pela oposição, ela precisa mostrar competências; e aos 26% que não votaram serem convencidos a voltar para o jogo.
Em apenas 2 semanas que se seguiram ao segundo turno, começou a ser desmontado o palanque da presidente, confirmando-se, a cada dia, o que era negado durante a campanha: o Banco Central elevou os juros de 11% para 11,25%; as tarifas de energia passaram a ser reajustadas em ritmo maior (só a da Light pegou 17,7%); e os combustíveis acabaram tendo os preços majorados. Isso sem falar nas informações estratégicas de pesquisas oficiais, guardadas nas gavetas a 7 chaves e só liberadas após o resultado das urnas no segundo turno, como a que virou manchete de primeira página nos grandes jornais: “Aumenta o número de brasileiros na extrema pobreza”. Dilma dificilmente conseguirá atrair quem não votou nela e pode até decepcionar quem votou acreditando nas mentiras que a propaganda oficial fabricou. Os que se abstiveram ou votaram branco e nulo, então, é que não terão os mínimos motivos para entusiasmarem-se diante dessa deplorável maneira de fazer política.
O Jornal de Saquarema