beatriz
Sinal vermelho: fechou.
Parei o carro e olhei em torno.
O céu, de intenso e comovente azul.
A brisa, vinda do mar,
embalava levemente
o verde das árvores.
A rádio FM tocava
“Unforgetable”, na voz
igualmente inesquecível
de Nat King Cole.
– Nat King Cole? (perguntou-me, a garçonete,
na véspera, se não era o nome
de um novo refrigerante… rs…rs) De repente, eis que surgem
três voejantes borboletas amarelas,
espalhando encanto no ar…
“A alma é uma borboleta”,
escreveu Rubem Alves.
Então eram três almas afins,
porque em seus alegres voos,
transbordavam felicidade…
“Borboleta é pétala que voa”,
lembro Clarice, que sempre
emociona. E Manoel de Barros:
“Eu penso renovar o homem
usando borboletas”…
Divago. O sinal abriu
mas sigo renovada:
nas retinas, na memória
e no coração, haverá de permanecer
para sempre, aquela fugaz beleza…
Matéria publicada na edição de maio/2015