Já está terminando o primeiro semestre e o segundo governo Dilma ainda não se encontrou. Os números e fatos ruins engrossam uma fila interminável. Dias após dias, o país se depara com números cada vez piores, desmentindo tudo aquilo que o lulopetismo disse na campanha presidencial. A inflação não está dando trégua e continua surpreendendo negativamente. A taxa de maio veio ainda maior que o esperado e o acumulado em doze meses atingiu o maior valor desde dezembro de 2013. Os modelos de projeção já aumentaram as estimativas para 2015, prevendo uma taxa anual de 9%.
A economia brasileira encolheu sob todas os aspectos. O PIB teve recuo de 0,2% em relação ao quarto trimestre: de 1,6% sobre o primeiro trimestre de 2014; de 0,9 na taxa de doze meses. O Brasil conseguiu ficar pior do que a Grécia, que está sob risco de moratória, e cresceu 0,1%. Numa lista de 33 países, o Brasil só tem desempenho melhor do que Rússia e Ucrânia. Estão bem mais tímidos os investimentos, o consumo das famílias, a indústria e o setor de serviços. Em apenas cinco meses, o IPCA chegou a 5,34%, acima da meta de 4,5% para o ano todo. O INPC, índice que mede o custo de vida de quem recebe até cinco salários mínimos, está em 5,99%. O tarifaço de energia elétrica (mais de 50% só este ano) não explica tudo, mas teve significativa influência na derrubada de poder aquisitivo das pessoas. Os alimentos foram o item que mais subiu no mês de maio.
Pode um ajuste
executado por
quem provocou
o desajuste?
Houve uma queda de confiança, que afetou a produção e os investimentos, associada ao fato de que o ajuste fiscal começou da pior maneira: com alta de impostos e cortes nos investimentos. O corte de gastos em custeio da máquina pública seria muito melhor do que elevar impostos numa economia já saturada pela exorbitante carga tributária. É inaceitável a informação oficial de que não há excessos numa máquina com 39 ministérios e 22 mil cargos comissionados. Como agravante, não há trégua em nenhuma das frentes do cenário econômico: inflação e juros subindo, enquanto a atividade econômica registra queda.
O que mais prejudica o governo de um presidente da república é a carestia, principalmente quando ela atinge itens básicos como o de alimentos. Infelizmente, não há agenda positiva que ajude um governo, quando a inflação corrói o orçamento doméstico. A primeira grande dificuldade para a superação do atual quadro está no fato de que o ajuste é patrocinado e executado exatamente pelo mesmo governo que provocou o desajuste. O Brasil está pagando um preço alto pelas políticas equivocadas no segundo mandato do ex-presidente Lula e no primeiro da presidente Dilma. Ambos não reconhecem que a crise decorre de seus próprios erros.