A Lagoa de Jacerepiá, situada em Vilatur, no Parque Estadual da Costa do Sol, na Área de Preservação Ambiental (APA) da Massambaba, está secando. Segundo os membros da Asssociação Amigos da Lagoa (AMILA), que promoveram um abraço ecológico à lagoa, esta não é a primeira vez que acontece, mas não aguentam mais ver a lagoa sofrendo inúmeras agressões, inclusive queimadas como as que ocorreram recentemente, com graves prejuízos ambientais.
Com a presença de representantes da Guarda Florestal do Parque Estadual da Costa do Sol (PECS), uma Unidade de Conservação vinculada ao Instituto Estadual do Ambiente (INEA), dos diretores da AMILA Reinoso, Arena e Vicente, dos secretários municipais de Ordem e Serviços Públicos, Araujo, e o de Agricultura, Abastecimento e Pesca, Jorge, do vereador Bruno Pinheiro, da liderança comunitária Cátia Guerreira, da presidente da Associação de Mulheres Empreendedoras Acontecendo em Saquarema, Edna Calheiros, que também é diretora do Comitê de Bacia Lagos São João e coordenadora do Subcomitê das Lagoas de Saquarema, Jaconé e Jacarepiá e do presidente do Museu de Conhecimentos Gerais, Carlos Alexandre e Márica Vidigal, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Vilatur, os jovens do Núcleo de Educação Ambiental da Bacia de Campos (NEA-BC) e o artesão José Vicente, entre outros, realizou-se um abraço ecológico à única lagoa de água doce da região.
Há anos a AMILA vem monitorando o nível da lagoa, realizando estudos para uma dragagem, promovendo ações de reflorestamento e implantação de uma ciclovia, sonho de toda a comunidade local. Em agosto, o oceanógrafo André Moreira, do Instituto Lagrange, fez uma investigação sobre a Lagoa de Jacarepiá, visando um estudo sobre os motivos que estão levando à drástica redução do espelho d’água e à degradação de todo o entorno. Segundo o cientista, que visitou inclusive o vertedouro da Lagoa de Jacarepiá que jorra água doce para a Lagoa de Araruama, de águas ultra-salinas, é preciso fazer um plano de recuperação de toda a área, para preservar esta que é “a única lagoa de água doce junto ao mar do nosso imenso litoral”.
“Esse é um jacaré sofrido; posso ver na expressão do seu olhar. O jacaré de papo-amarelo (Caiman latirostris) é um dos jacarés mais mansos de que se tem noticia. Fiquei sensibilizado, embora o jacaré não esteja em extinção, mas está ameaçado nesse ecossistema, entre outras espécies”, diz André. “O sistema lacustre de Jacarepiá não é propício às construções desordenadas e loteamentos, pois recebe e receberá águas de chuvas e drenagens no futuro próximo, todas convergindo para a mesma área. Com a crescente urbanização, existe o risco real de inundações. E ainda temos que levar em consideração que em 150 anos o nível do mar deverá estar 1 metro acima”, alerta ele.