Um senador sergipano, proprietário de terras, industrial, usineiro e médico viveu no Rio de Janeiro mas encontrou em Sampaio Corrêa, Saquarema, o motivo de viver seus últimos anos, ao lado da esposa, Dona Carmen e seus dois filhos. Dono de 17 fazendas e da Usina Santa Luiza, Durval Cruz deixou um legado para a família, cujos membros vivem até hoje no município, que chegou a ser o maior produtor de açúcar do estado, perdendo apenas para Campos.
Durval Rodrigues da Cruz nasceu na cidade de Capela, no Estado de Sergipe, no dia 6 de julho de 1902. Filho de Clara e Tomás Rodrigues da Cruz, diplomou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1924. Eleito senador em 1945, participou da Assembléia Nacional Constituinte, em 1946, após a destituição do presidente Getúlio Vargas. Membro da coligação UDN (União Democrática Nacional) e PR (Partido Republicano), assinou a promulgação da nova Carta, em 18 de setembro de 46, tendo exercido o mandato de senador até janeiro de 1955.
Sócio da firma Cruz Irmão & Cia e da Fábrica de Tecidos Sergipe Industrial, fundou nos anos 30 a Companhia Usinas de Sergipe com sede no Rio de Janeiro. A autorização para funcionar foi em 24 de junho de 1931, através de um decreto assinado pelo próprio presidente Getúlio Vargas e pelo ministro Lindolpho Collor, pai do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Melo. Posteriormente, Durval Cruz criou a S/A Agrícola Santa Luiza, uma usina de cana de açúcar, em Saquarema.
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Ocupando uma cadeira de senador no luxuoso Palácio Monroe, no centro do Rio, onde funcionava o antigo senado, na capital federal do país, Rio de Janeiro, o senador Durval Cruz foi membro da Comissão de Finanças e da Comissão Especial de Inquérito para a Indústria Têxtil, tendo atuado na lei de distribuição de renda igual para os municípios e em aspectos da regulação da lei fiscal dos Estados. Casado com Dona Carmen, teve dois filhos. Morando no Rio com a família, frequentava assiduamente Saquarema, em especial o distrito de Sampaio Corrêa, onde funcionava a Usina Santa Luiza. Uma usina tão próspera que chegou a ter uma pequena linha de trem própria, vinculada à Estrada de Ferro Maricá, para escoar a produção.
O senador foi também um homem de cultura, bem informado e que gostava muito de ler. Faleceu no dia 12 de julho de 1971, quando a usina já começava a apresentar problemas. Para seu sucessor na administração das fazendas, o senador escolheu seu filho mais velho Carlos Durval Cruz, casado com Sonia Gouveia, neta do industrial alagoano Delmiro Gouveia. A lembrança do senador Durval Cruz ficou inscrita em uma sala no Horto Florestal, ao lado da sede da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Pesca, na Rodovia Amaral Peixoto. A sala construída com apoio da Emater-Rio hoje se encontra em ruínas. Porém, segundo o atual secretário Jorge Soares, um dos projetos prioritários de sua gestão é reconstruir a Sala Durval Cruz, para abrigar cursos e palestras. Recentemente, a Casa de Cultura Walmir Ayala promoveu um evento de resgate da memória de Saquarema, quando homenageou figuras notáveis da cidade, entre elas o senador Durval Cruz.
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