Cidade Opinião Silênio Vignoli

Pesquisa entre analistas revela um certo otimismo

Opinião - Silênio Vignoli

Não há dúvidas de que o governo Michel Temer começou meio atabalhoado, cheio de arestas a aparar e ministros demitidos em menos de 20 dias. Isso não pode ser considerado normal, mas também não quer dizer que o governo interino esteja fadado ao fracasso. O governo Itamar Franco, interino anterior, no impeachment do ex-presidente Collor, também teve lá seus percalços e nada menos que 4 ministros da Fazenda em 6 meses. E o que dizer da presidenta afastada Dilma Rousseff? Nada menos que 8 ministros foram demitidos, numa sequência de escândalos de corrupção no primeiro ano de seu segundo mandato.

Não foi por falta de advertências. Temer foi aconselhado por alguns assessores a não incluir no ministério pessoas investigadas nas diversas operações criminais em curso, especialmente na “Lava-Jato”. Também não deveria acatar sugestões de políticos expostos a essas investigações, muito menos dos presidentes da Câmara (afastado), Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos com inúmeros processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, Temer sempre repetindo: “É uma guerra, tem sido uma guerra”.

 

“É uma guerra,
tem sido uma
guerra”, repete
Michel Temer

 

A propósito, o sucesso ou fracasso do governo Temer vai depender rigorosamente dos ajustes econômicos que ofereçam ao país a possibilidade de, minimamente, retomar o crescimento até 2018. Aliás, esta é a ideia central para a qual convergem as opiniões dos entrevistados numa pesquisa promovida pela Consultoria Macroplan, especializada em estratégia e cenários futuros, sobre expectativas em relação ao desempenho do governo interino do presidente Temer. Na sondagem realizada junto a empresários, executivos, economistas, cientistas políticos, gestores públicos e jornalistas, num total de 82 profissionais de todas as regiões do país, foi solicitada uma avaliação em quatro cenários plausíveis, baseados na evolução das votações da admissibilidade do impeachment, nas duas casas do Congresso, e nos primeiros movimentos do novo governo, que indicou o seguinte: 49% apostam num sucesso parcial, com Dilma afastada definitivamente e Temer realizando os ajustes econômicos emergenciais e emplacando uma agenda mínima das reformas. Para a quase totalidade dos analistas, o retorno de Dilma provocado por um amplo fracasso do governo interino de Temer é um cenário muito pouco provável.

O principal fato que gera incerteza diz respeito à evolução da “Lava-Jato”, que adiciona um elevado nível de imprevisibilidade à conjuntura político-administrativa e mesmo criminal. Apesar de ainda restar um considerável nível de incerteza quando ao desdobramento desta crise, há um expectativa positiva dominante, analisa Cláudio Porto, diretor-presidente da Macroplan. Em suma, o resultado da pesquisa mostra que há razões de sobra para o otimismo.

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