Resultado das urnas é sempre uma surpresa. Mas desta vez foi surpreendente até para os próprios partidos, divididos entre as cores azul, da coligação 15 (PMDB), e o amarelo da coligação 19 (PTN). Nenhuma das duas coligações conseguiu eleger representantes com os números da eleição anterior, realizada em 2012. Na época, dois eleitos chegaram a bater os 2.000 votos, como foi o caso do vereador Guilherme Pitiquinho, que estava no PMDB e teve 2.156 votos, e de Roger Gomes, que estava no PTB e teve 2.050 votos.
Na eleição atual, concorrendo pelo PSB, em coligação com o PMDB, Pitiquinho caiu para 1.138 votos, e Roger, concorrendo pelo PTN, em coligação com o PPS e PT, conquistou apenas 1.066. Foi menos votos que o da vereador Taeta (PP) que, em seu 7° mandato, viu sua aspiração de permanecer na Câmara desaparecer, apesar de ter conquistado 1.260 votos. Por outro lado, o candidato Janderson da Educação (SD) que obteve 946 votos, seguido pela candidata
Elisia (PDT), com apenas 848 votos, ambos com menos de 1.000 votos, garantiram vaga para o mandato de janeiro de 2017 a dezembro de 2020. Outros candidatos que tiveram menos votos que a veterana Taeta foram: Rodrigo Borges, com 1.171 votos, Pitiquinho, com 1.138, Bruno Pinheiro, com 1.092, Adriana, com 1.074 e Roger, com 1066.
Esta distorção tem origem numa lei eleitoral adotada pelo antigo presidente Getúlio Vargas, em 1934, que prevê o Quociente Eleitoral, uma regra difícil de calcular e de entender, que não elege quem conquista mais votos dos eleitores, simplesmente, mas quem tem mais votos dentro dos parâmetros do Quociente Eleitoral de cada legenda ou coligação, ou seja, o número dos eleitores do município dividido pelo número de vagas na Câmara de Vereadores. Em Saquarema, o número de eleitores foi 63.502 que, dividido pelo número de vagas na Câmara de Vereadores, que é 13, deu um Quociente Eleitoral de 3.550 votos. Porém, nesta eleição foi feito um corte, tomando por base 10% do Quociente Eleitoral de cada município.
Distorções do processo eleitoral
Em Saquarema este corte ficou portanto em 355 votos, correspondendo a 10% do Quociente Eleitoral local. É uma medida para evitar situações desastrosas como o fato do deputado federal Tiririca ter sido eleito com milhares de votos e arrastar com ele outros candidatos que não alcançaram sequer centenas de votos e acabaram caindo de pára-quedas na Câmara Federal em Brasília, sem nenhuma representatividade. As recentes discussões em torno da Reforma Eleitoral pretendem corrigir esta falha política que tanto prejudica os eleitores, que não entendem essa lógica nefasta da política tradicional brasileira que nem o processo de redemocratização do país e nem a Constituinte de 1988 conseguiram abolir, afetando a representação democrática.
Os 13 vereadores eleitos em Saquarema foram: Abraão da Melgil (PTN), reeleito com 1.803 votos; Kilinho (PP), reeleito com 1.681; Dra. Raquel (PR), eleita com 1.463; Romacart (PMDB), reeleito com 1.440; Bebeto do Rio Seco (PR), eleito com 1.383; Vanildo (PHS), eleito com 1.302; Rodrigo Borges (PSDB), reeleito com 1.171; Pitiquinho (PSB), reeleito com 1.138; Bruno Pinheiro (PDT), reeleito com 1.092; Adriana (PRB), reeleita com 1.074; Roger (PTN), reeleito com 1.066; Janderson (SD), eleito com 946; e Elisia (PDT) eleita com 848. O veterano vereador Paulo Renato (PMDB), com 1.209 votos, ainda não está garantido pois, seus votos estão zerados pelo TRE-RJ, devido a processo judicial, cujo último recurso está tramitando agora no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em Brasília. Caso consiga seu pleito, o vereador Pitiquinho torna-se suplente.
Com apenas 5 novos vereadores (Dra. Raquel, Bebeto do Rio Seco, Vanildo, Janderson e Elisia), a novidade são as 2 mulheres a mais na Câmara de Saquarema (Dra. Raquel e Elisia) que, junto com Adriana, formarão uma bancada feminina de 3 vereadoras, onde antes só havia 2, Adriana e Taeta. Mesmo assim, a nova configuração do Poder Legislativo saquaremense não teve grandes novidades, como na eleição anterior, quando foi renovado com 9 novos vereadores.