Acaba de ser lançado – e já está esgotado – o livro do jurista e professor da Universidade de São Paulo Dalmo Dallari. Com o título “Os Direitos da Mulher e da Cidadã por Olimpia de Gouges”, o livro trata de uma intelectual da época da Revolução Francesa, precursora do feminismo. No momento em que se pregava “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” como valores revolucionários, os franceses aprovaram a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, em 1789, esquecendo-se da mulher, o que só foi reparado em 1791, com a publicação da “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, redigidos pela teatróloga, jornalista, idealista, feminista, agitadora e combatente Olimpia de Gouges.
Olímpia viveu em Paris naquele conturbado período, defendendo a abolição da escravatura e clamando por proteção aos idosos, pobres e mulheres. Mártir da luta pelos direitos da mulher, foi presa, condenada e guilhotinada, num processo em que não teve defesa. Olimpia de Gouges ousou questionar uma revolução que defendia a liberdade como direito universal apenas para homens e alguns segmentos da sociedade, mantendo a maior parte da população sujeita aos superiores. Ao deixar de lado o direito à igualdade, a Revolução Francesa promoveu a ascensão social da burguesia, ignorando os miseráveis, os desempregados e as famílias em dificuldades.
Com prefácio escrito pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, o livro do professor Dallari é a primeira tradução para o português da “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”. Escondida pela história, esquecida durante mais de 200 anos, só recentemente Olimpia de Gouges vem sendo resgatada e divulgada pelos movimentos feministas. Após a “Marcha das Mulheres” que lotou Washington, um dia após a posse de Trump, está sendo convocada uma greve geral das mulheres no próximo dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher. É hora de homenagearmos Olimpia de Gouges.