Uma cooperativa de lixo, nascida com os catadores, em Jaconé, foi o ponto de partida para a reciclagem no bairro, onde a jornalista e ambientalista Hilma Monteiro iniciou a construção de uma cooperativa, a Coresa (Cooperativa de Catadores e Selecionadores de Materiais Reaproveitáveis do Município de Saquarema), e agora um grande galpão. As pessoas já catavam resíduos sólidos, principalmente latinhas de cerveja, mas foi no espaço da Ucejes (União Cristã Espírita José Luiz do Espírito Santo), coordenado pela educadora Vera Calado, que a cooperativa começou a funcionar. Inicialmente, a renda era um suplemento à renda familiar dos cooperativados.
Com um pequeno caminhão, Hilma ia recolhendo os resíduos sólidos nas casas e em escolas como o Corujinha, em Itaúna, onde trabalhava a professora Viviane, moradora de Jaconé. Em Jaconé, o trabalho começou na Escola Municipal Ismênia Barros Barroso, com a professora Beth, de Biologia. Posteriormente, a professora Sueli Furtado levou a reciclagem para a Escola Osiris Palmier da Veiga, em Barra Nova, através do Programa Nem Tudo é Lixo, onde também são atendidas instituições de caridade; tudo em parceria com Hilma Monteiro. Durante este período, também foram realizadas várias visitas à sede da Coresa e foram feitas oficinas para trabalhos com resíduos sólidos, abertas à comunidade.
“Hoje, já existe a política de resíduos sólidos”, diz Hilma. “A cooperativa tem cerca de 10 anos. E uma área coberta, com 6 x 3 metros. Com dois anos de trabalho, um gerente de uma grande empresa me disse que em breve ia ficar pequeno e ficou! Começamos com uma caminhonete vermelha e fizemos uma panfletagem. Depois, consegui comprar um caminhão e, com a parceria com a ONG (organização não governamental) Porta Formosa, de Sampaio Corrêa, consegui um motorista”. Mais tarde, a própria Hilma fez o curso de motorista profissional numa auto-escola e hoje pode ser vista em toda a cidade dirigindo um caminhão, recolhendo material para a reciclagem.
Aos poucos as pessoas passaram a ir até a Coresa para deixar as coisas: óleo de fritura, saquinhos, caixas de leite, embalagens plásticas, papelão, garrafas de vidro, fogão velho, televisão, computador… A grande conquista em todo este processo porém, é a construção de um galpão que está em fase de acabamento. Construído em concreto por uma firma especializada, o galpão ocupa dois lotes e mede 10,5 m x 25 m. Em uma sala construída na frente será instalado um brechó com as coisas que as pessoas mandam e na parte de baixo banheiros, masculino e feminino, para os recicladores tomarem banho, além de uma copa para refeição e a sala da administração. Na parte dos fundos, será feita a separação e a prensagem do material.
Nem tudo é lixo
A professora Sueli Furtado, criadora do Projeto Nem tudo é lixo, veio morar em Saquarema com sua família para ter uma vida tranquila e foi aqui que encontrou sua razão de viver. A partir de uma oportunidade de trabalho na Creche Municipal em Itaúna, transferida depois para uma escola em Jaconé, onde começou a ensinar que tudo vem da natureza e a gente tem que preservar.
“O lanchinho que eles levavam para a escola, eu mostrei que podia se transformar. A gente fazendo uma transformação daquele material evitaria tirar a matéria-prima da natureza. Foi assim que começou o projeto, no colégio Carlos Wanderson, em Jaconé. Na verdade, foi um projeto dentro do outro projeto, Da Semente ao Florescer, da Secretaria de Educação e Cultura. As crianças começaram a observar que na lixeira da escola existia material sólido, que a gente chamava de lixo, mas que não era lixo! Infelizmente isso foi feito só dentro da sala de aula”, lembra Sueli, que já fazia a separação dos resíduos sólidos em casa e conhecia Ilma – que recolhia o material.
Então, a parceria foi imediata, para recolher não só os resíduos sólidos na sua casa, mas também na escola, onde conversavam com os alunos e faziam o recolhimento. Mais tarde, Sueli foi trabalhar no Programa Mais Educação, na Escola Municipal Osiris Palmier da Veiga, em Barra Nova, onde incluiu todas as turmas neste trabalho voltado para o meio ambiente.
“Eu passava filmes, mostrando como foi criado o mundo. Essa semente da preservação já está dentro da nova geração. Muitos não desenvolvem ainda porque os pais têm uma visão antiga, de poluir, queimar, que é uma coisa de antepassados. Mas a nova geração aceita na hora”, explica a professora, que conseguiu fazer também uma parceria com as fábricas de plástico e de papelão do Polo Industrial”, explica Sueli que, como complementação do projeto, fez também uma horta na escola, através de uma parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca, que cedeu terra e mudas.
Até então o objetivo do Projeto Nem Tudo é Lixo era apenas “despertar a gratidão à natureza”, revela Sueli. O próximo passo foi a venda do material, resultando uma pequena verba que voltava para a própria escola. Outra parceria foi com o Centro de Desenvolvimento do Vôlei da CBV (Confederação Brasileira do Vôlei) que passou a mandar os resíduos para a escola, que fazia a separação. “O dinheiro então aumentou, porque o resíduo do vôlei é bem maior que o da escola que são os resíduos normais que a gente utiliza em casa. Então a gente começou a tirar um caminhão por mês de resíduo só da escola!”, conta Sueli.
Em 2015, houve um evento sobre reciclagem de lixo na FAETEC, onde a professora falou do projeto. Pouco tempo depois, foi contratada pela Prefeitura para fazer um projeto piloto na própria escola de Barra Nova, em 2016. Deu certo. “Começamos com quilos e terminamos com toneladas e várias parcerias!”, continua Sueli, que passou a retirar o resíduo sólido também das salas do prédio da Prefeitura… Hoje o projeto se expandiu e inclui uma parceria com as irmãs do Centro Social Madre Maria das Neves e com a creche Renascer, além da Academia Mitra, Farmácia Alexandre e Lulemar, loja de material de construção.
“Eu não tenho como parar um trabalho desse”, conclui a professora.
É altamente salutar e próspero esse tipo de atitude com a iniciativa dessas ilustres SENHORAS de um primor de humanidade e respeito a natureza.
E como não bastasse, toda essa atitude DEVE TER também e principalmente a grandeza da colaboração de TODOS os moradores e veranistas que moram e curtem JACONÉ, um balneário cheio de virtudes naturais que devem ser preservados para TODAS as VIDAS.
RECICLAR, TAMBÉM É VIDA…pense nisso!!!