Lia Quintana, na rede da varanda, quando encontrei: “TUDO É VOLÚPIA!”. – Hein? Tudo é volúpia?
Perguntei-me. Impactada, pensei sobre o assunto e escrevi:
Há volúpia
na atração irresistível,
no desejo incontrolável, no beijo arrebatado, no amor alucinado…
Há volúpia
no grito lancinante,
na respiração ofegante,
no gesto destemido,
no choro convulsivo…
Há volúpia
na dor desatinada,
na palavra exasperada,
na sonora gargalhada,
na vida desenfreada…
Há volúpia
no choro do recém-nascido,
no beijo do apaixonado,
no delírio do embriagado,
no êxtase do ser amado!…
No dia seguinte, via um filme sobre RODIN, e eis que ele, numa cena num jardim, falou: “A volúpia está em tudo. Na cor da folhagem, na qualidade de céu.” Novamente impactada, intrigada e desta feita inspirada pela fala de Rodin, escrevi:
Há volúpia
na onda que se agiganta
e explode em espuma
num estrondoso gozo
por todo o litoral…
Há volúpia
na estrela cadente
que cai vertiginosa
e solitariamente
no espaço sideral…
Há volúpia no vento que uiva
a canção desesperada,
solta na beira da
estrada,
e origina a manhã…
Há volúpia
na flama da paixão,
que é dor e consumação,
delírio e prazer,
enquanto tiver que ser…
Há volúpia
no fogo da vida,
que abrasa e queima,
e teima em não morrer,
enquanto tiver que ser!…
(Poemas “Volúpia” e “Volúpia II” publicados em meu livro “Mônadas”, em coautoria com José Carlos Ribeiro, pela ZMF Editora, Rio, RJ, 2002. “Prêmio Mario Quintana de Poesia” – UBE-RJ – 2009).
Se QUINTANA escreveu que “tudo é volúpia”, e RODIN falou que “a volúpia está em tudo”, haveria como discordar desses dois grandes nomes? Ao contrário, só tenho a agradecer-lhes pela inspiração para os meus dois poemas…