Ele nasceu no dia 3 de janeiro de 1898 em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, mas foi no Rio de Janeiro, estudando na Escola Militar do Realengo que se formou capitão, aos 24 anos, tornando-se um dos articuladores do levante tenentista. O “tenetismo” foi um movimento político-militar promovido por jovens oficiais do Exército na década de 20, que lutavam por reformas estruturais, entre elas o fim do “voto de cabresto”, o voto aberto, e a reforma na educação pública, entre outras mudanças no sistema político do país. Os movimentos tenentistas, contrários ao governo da República Velha, foram: a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (do qual Prestes não participou por ter contraído tifo, uma doença devastadora na época), a Revolta Paulista e a Comuna de Manaus, de 1924, além da Coluna Prestes, entre outubro de 1924 e fevereiro de 1927, que percorreu quase 25 mil quilômetros, a pé e a cavalo, pelo interior do Brasil. Alí nasceu a lenda do “Cavaleiro da Esperança”, título do livro escrito por Jorge Amado, sobre a epopéia chefiada por Prestes, a chamada Coluna Invicta, porque nunca foi derrotada.
No exílio, Prestes viveu na Bolívia, Argentina, Uruguai e Rússia, onde se filiou ao Partido Comunista. Retornando ao Brasil, liderou a organização nacional do PCB e a Aliança Nacional Libertadora (ANL) que promoveu a Revolta Vermelha, um levante comunista em 1935, também conhecido pejorativamente como “Intentona Comunista”. Preso em 1936, junto com sua companheira Olga Benário, ficou encarcerado por cerca de 9 anos, durante o governo do presidente Getúlio Vargas. E Olga foi deportada para a Alemanha, onde sua filha Anita nasceu num campo de concentração. Em 1942, Olga Benário Prestes foi executada numa câmara de gás, com outras prisioneiras.
O retorno depois da anistia
Anistiado em 1945, Luiz Carlos Prestes foi eleito senador por 9 estados (naquela época era possível), numa bancada com outros 13 parlamentares comunistas. Prestes foi um dos principais políticos na Assembleia Constituinte de 1946, tendo defendido os interesses do povo, o desenvolvimento econômico do Brasil e a soberania nacional. Com a cassação do PCB, em 1948, os comunistas passam a viver na clandestinidade. Considerado o inimigo número 1 do regime ditatorial que se instalou no Brasil, a partir do Golpe Civil e Militar de abril de 1964, Prestes foi obrigado a se exilar na Rússia, onde passou a viver com a família. Em outubro de 1979, retorna ao Brasil, vindo a se tornar posteriormente presidente de honra do Partido Democrático Trabalhista (PDT), presidido por Leonel Brizola. Em 7 de março de 1990, morreu aos 92 anos de idade, permanecendo como símbolo de luta e integridade moral.
Recentemente foi inaugurado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o Memorial Luís Carlos Prestes, um dos últimos projetos do arquiteto Oscar Niemeyer e sua primeira obra na cidade. A exposição, com fotos cedidas pela filha de Prestes, a historiadora Anita Leocádia Prestes, autora de vários livros sobre seu pai e a Coluna Prestes, retratam a trajetória do líder comunista. O Memorial Luís Carlos Prestes levou 27 anos para ser concluído e foi finalizado pelo bisneto de Oscar Niemeyer, o também arquiteto Paulo Sérgio Niemeyer. Estiveram presentes na inauguração Carlos Lupi, presidente Nacional do PDT, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra e a deputada Maria do Rosário, entre outras personalidades políticas e mais de 300 convidados. A filha de Prestes, Anita, é a presidente de honra do Memorial Luís Carlos Prestes.