Difícil? Dificílimo responder, dentre os meus poemas, qual o mais amado. Poemas são filhos – e todos são amados. Mas sempre há uma secreta e misteriosa predileção por um ou outro… Poemas são pétalas perfumadas que embelezam a vida. Aliás, “vida e poesia são a mesma coisa”, não é mesmo, Quintana?
Mas creio que a minha preferência maior recai sobre meu poema “Certas Incertezas”, que, por intermédio de uma antologia internacional, chegou à cidade italiana de Trento (onde meus pés não pisaram) e fui escolhida pela editora “Globus”, como “Autora do Ano” (1999). Os quatro primeiros versos foram determinantes para a premiação. Eis o poema: Até onde vai a amizade e começa o amor? / Até onde vai a saudade e começa a dor? / Até onde vai o encanto e começa a magia? / Até onde vai o verso e começa a poesia? / Até onde vai a atração e começa o desejo? / Até onde vai a emoção e começa a paixão? / Até onde vai o entardecer e começa o anoitecer? / Até onde vai o viver e começa o morrer? / Quem foi que estabeleceu o certo e o errado? / Onde, afinal, está escrito o que é feio ou bonito? / Qual é, qual é a divisa entre o doce e o sal? / Onde é que está o limite entre o bem e o mal? / Nem mesmo o mais poderoso na face da Terra / Ou mesmo o mais sábio dos sábios saberá responder / O jeito é apenas viver sem querer entender… / Viver seguindo sempre a voz que está dentro de nós!…/ Até onde vai a amizade e começa o amor??!!… //
Não saberia viver sem Poesia. Afinal, “poesia é remédio contra a sufocação…” lembra Guimarães Rosa. “Porque a poesia purifica a alma / … e um belo poema – ainda que de Deus se aparte – / sempre coloca o Poeta face a face com Deus! Complementa, belamente, Quintana. E finaliza: “E eis que, tendo Deus descansado no sétimo dia, os poetas continuaram a obra da criação.”