Escrevo com o coração em festa! Acaba de chegar às minhas mãos, com embalagem de presente, um verdadeiro tesouro poético de 2001: o “Manual da delicadeza de A a Z”, de Roseana Murray, ilustrado lindamente por Elvira Vigna, da FTD, São Paulo . Como nos diz a autora, “a partir de cada letra uma palavra, a partir de cada palavra um poema”.
O livro é beleza, encanto e delicadeza elevados ao mais alto grau. E “a beleza é dom de Deus”, para Aristóteles; e “só a beleza salvará o mundo” para Dostoiéviski; e “o mundo da beleza é simples”, para Nélida Piñon. Então estamos SALVOS, porque ROSEANA, ao exercer com absolutos esmero e fascínio o seu dom poético, alcança em cheio os nossos corações e as nossas subjetividades.
Vejam a perfeição da sua arte poética: “Luz – Com pedrinhas de luz / convém marcar o caminho / desde o nascimento / até a última curva, / quando para sempre / o sol se esconde. / Com pedrinhas de luz / convém construir a casa e os gestos. / Fazer do coração / uma gruta amorosa, / um farol, / a iluminada e leve morada. //
Encantem-se, ainda, com o poema “Nuvens – Caminhar em nuvens / é o mais lento / e duro aprendizado: / há que esquecer / todo o peso / terrestre / e transformar pedras / em luz, / palavras em estrelas. / Caminhar em nuvens / é árduo ofício: / há que pintar as mãos / e os gestos de azul / e oferecer ao outro / o mapa da delicadeza. // Bravo, Roseana!
A beleza e a delicadeza da sua arte poética também sensibilizaram o poeta FERREIRA GULLAR, que assim se manifestou: “A poesia de Roseana Murray é feita de delicadezas e transparências, como ela falasse para mostrar o silêncio. E assim a linguagem alcança a condição de pluma ou porcelana.”
E a palavra final, só poderia ser a de ROSEANA MURRAY, que além de tudo mora em Saquarema: “A vida deveria ser uma teia de infinitas delicadezas. Ao invés de uma porta fechada, horizontes, ao invés de um grito, girassóis.”
Bravíssimo, Roseana Murray!