Na famosa entrevista que VINICIUS DE MORAES concedeu a CLARICE LISPECTOR, ele declarou que o que mais queria era “viver a calma, no seio das paixões…” Delírio do Poeta? Seria possível isso? Se paixão é fogo que arde e queima, como vivê-la com serenidade?
E viver em calma na vida atual? É sonho realizável? Num mundo cada vez mais competitivo, desagregador, aturdido, apressado, é possível a calma, a serenidade? Este parece ser um desejo universal mas uma coisa é certa: a calma para ser alcançada precisa ser, além de desejada, conquistada!… É um objetivo que deve permanecer continuamente em nossa mente, nos nossos dias. Porque tudo colaborará para o desgaste, a irritação, o estresse, se não estivermos com a mente sempre preparada para não perdermos o fio do prumo… “Faço as tarefas devagar, seja comer, caminhar ou limpar as folhas que caem no quintal”, revela o monge zen-budista Haemin Sunin. E continua: “É como ir a um restaurante que você desejava muito e, ao chegar lá, comer tão depressa que sai sem nem ter conseguido sentir o sabor da comida.” Qual seria a graça da refeição e também da vida? Para Haemin, se prestarmos atenção verdadeira na nossa atividade do AGORA, qualquer coisa pode se tornar interessante, bela e até misteriosa” (Revista “Vida Simples”, junho/2018).
Em matéria publicada na citada revista, DÉBORA ZANELATO sugere: “Também podemos desenvolver a calma ao apreciar a beleza de algo grandioso, como uma cachoeira, uma montanha ou mesmo o céu, com suas incontáveis nuvens e estrelas. É o nosso contato com o sublime, com algo que pode nos deixar impressionados por ser muito maior e mais poderoso do que nós.”
O assunto é vasto e várias são as sugestões para desacelerarmos e chegarmos à calma. Até recorrermos “a um demorado abraço de alguém querido também é capaz de apaziguar a nossa inquietação e ansiedade. Ser envolvido fisicamente pode recriar parcialmente o ambiente mais livre de estresse que já experimentamos: o útero materno.” (Revista Vida Simples já citada).
O espaço acabou mas DÉBORA ZANELATO esclarece: “Manter a calma não quer dizer que vamos ver a situação adversa como algo agradável, mas entender que bufar, sair de si ou espumar de raiva nos afasta da possibilidade de desenvolver uma compreensão mais leve do problema”