Pereira da Silva, Pereirinha*
Li, com certa reverência e consciente do momento angustiante da política nacional, da crise que atravessamos, o belo e substancioso artigo do Silênio Vignoli, publicado nesta Folha, que de tão substancioso, arguto e modelar, cheguei a me desesperar. Com isenção, apaziguei minha impaciência ao longo da leitura.
Esse é o Silênio Vignoli que conheci e conheço, no tempo e espaço dos tempos de jornal O Fluminense, na companhia de Jorge Cesar Pereira Nunes e Eraldo Quintanilha. Silênio traça e pinta, com cores vivas, a história da política nacional e sua conformação ao longo dos anos da redemocratização do País, antes e depois da Constituição Cidadã, em 1988.
Foi bom, reconciliante, despertar no espírito lembranças agradáveis e sentimentos humanos, de amigos que se confraternizavam, abraçavam as ideias da boa convivência, até mesmo em momentos de contrariedades. Nesses momentos assumia relevância impar o senso de respeito mútuo de compreensão, sem externar superioridade ou arrogância de sábio.
Assim, via eu os meus mestres: Jorge Cesar Pereira Nunes, Eraldo Quintanilha e Silênio Vignoli, através de seus textos lapidares, sem contudo demonstrar servilismo. Apenas queríamos ser iguais, mas não éramos.
Os três eram e são superiores. E os textos do Silênio sobre política e economia, economia política, direi, sempre estavam a um ou mais passos além.
O artigo intitulado Mais uma eleição na base do ‘é dando que se recebe’ mostra essa digressão que faço agora, mas chamo a atenção para o fato histórico: a política, diria Norberto Bobbio, é uma arte, arte do diálogo, com a ética de quem está no poder.
*Pereirinha é jornalista, editor do jornal Metrô Car e colunista do jornal Monitor Mercantil (Rio)