Homenagens a mulheres de destaque e uma ação social com atendimento médico, jurídico e psicológico marcaram o evento promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. Os atendimentos foram realizados na Praça XV de Novembro, no Centro do Rio, na parte da manhã. À tarde, na 16º edição do Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro, foram homenageadas 14 mulheres que, de alguma forma, contribuíram com a luta pelos direitos femininos.
“Muito além da celebração, a ideia desse dia era destacar as conquistas femininas e lembrar a importância de políticas públicas que possam garantir a segurança e o bem-estar das mulheres. E também marcar a luta das mulheres contra o preconceito e o feminicídio, que vem crescendo assustadoramente em nosso país”, afirmou a presidente da comissão, deputada Enfermeira Rejane (PCdoB).
ATIVIDADES NA PRAÇA XV
Quem passou pelo Praça XV pôde receber orientações e atendimentos de saúde. Também presentes no evento, a Defensoria Pública e a Associação Brasileira de Mulheres da Carreira Jurídica (ABMCJ-RJ) distribuíram folhetos com orientações e recomendações em casos de violência contra a mulher. A defensora titular do Núcleo Especial de Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), Márcia Fernandes, explicou que, além de orientar, a equipe do Núcleo estava preparada para encaminhar mulheres dali mesmo para a sede do Nudem na Rua Uruguaiana, caso precisassem de uma ação de urgência.
Além de contar com atendimentos gratuitos nas áreas de saúde e jurídica, o público também pôde conferir a uma exposição de artesanatos e uma apresentação de dança do grupo Corpo e Movimento da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef). Já representantes da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) estiveram no evento e serviram água para o público que passava no local.
HOMENAGENS NA ALERJ
Durante a cerimônia do Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro, em que o plenário ficou lotado majoritariamente pelo público feminino, integrantes da mesa e homenageadas levantaram várias discussões acerca da luta pelos direitos das mulheres. Violência contra a mulher, saúde feminina, racismo, direitos trabalhistas e militância foram alguns dos temas citados. A vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, também foi lembrada diversas vezes. As participantes destacaram a importância da parlamentar na defesa das mulheres e de outros grupos vulneráveis.
Entre as homenageadas, Maria Prestes, ativista que foi presa por sua atuação política. Ela viveu por muitos anos na clandestinidade ao lado do líder comunista Luiz Carlos Prestes, com quem foi casada, e foi exilada na União Soviética durante a ditadura militar. “A história oficial do Brasil valoriza demais príncipes e princesas, enquanto deixa no esquecimento mulheres que deram a vida pela liberdade, como Dandara, Luísa Mahin, Olga Benário e Marielle. Vem de longe a luta da mulher brasileira”, ressaltou. “Devemos nos inspirar em figuras como essas para lutar hoje pela democracia brasileira e impedir o avanço do obscurantismo, do retrocesso político e ideológico”, disse. “Eu dediquei minha vida à luta pela igualdade social no país”, afirmou Maria, que aos 88 anos continua na militância.
Outra agraciada com o diploma foi Nair Jade, 87 anos, que atua desde a década de 1950 pelos direitos das trabalhadoras domésticas, das mulheres e dos negros. Ela foi presidente da Associação Profissional das Empregadas Domésticas de 1973 a 1982. “Foi uma luta muito ferrenha, mas vemos hoje os frutos do nosso trabalho, que hoje estão ameaçados. As domésticas precisam estar mais unidas do que nunca”, alertou. “Ainda hoje, continuo trabalhando. Faço atendimentos em Duque de Caxias para orientar essas profissionais sobre seus direitos”, contou.
Além de Maria Prestes e Nair Jade, também foram homenageadas: a presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro, Ana Lúcia Fonseca; a presidente da Associação de Mulheres Empreendedoras Acontecendo em Saquarema (AMEAS) e membro do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM), Edna Calheiros; a protetora de animais do Projeto Zezé, Elaine Mende; a conselheira tutelar da ONG Reobote Nascimento, Érica Nascimento; a técnica de enfermagem do Movimento Negro e do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher em Duque de Caxias, Leny Claudino; a ativista pelos Direitos Humanos na Baixada Fluminense, Marilza Barbosa; a ativista e ex-assessora especial na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Odisséia Carvalho; a jornalista do jornal Poiesis e do Movimento Articulado de Mulheres der Saquarema (Mamas), Regina Mota; a Diretora Executiva e de Políticas Sociais do Sindicato dos Comerciários e coordenadora do Coletivo Margaridas, Rosângela Silva; a ativista da União Brasileira de Mulheres (UBM), Rosilene Rodrigues; a professora de história e diretora do Departamento da Mulher de Duque de Caxias, Selma Chagas; e a fundadora da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB-Mulher de Duque de Caxias, Sônia Klausing.
O evento também contou com apresentações artísticas. O coral Vocalizarte, composto só por mulheres, cantou as músicas “Marina”, de Dorival Caymmi, “Maria Maria”, de Milton Nascimento, e “Quando te vi”, de Beto Guedes. Já as meninas do Projeto Luar de Dança fizeram uma performance no encerramento. (Conteúdo adaptado do relise da Alerj).