Eu era jovem, bem jovem, quando ele apareceu com seu jeito tímido, os belos olhos verdes (ou azuis?) e encantou a plateia desprevenida com sua poesia na música: “Estava à toa na vida / o meu amor me chamou / pra ver a banda passar / cantando coisas de amor”… (“A Banda”). E o público rendeu-se àquela sedução contínua, ao longo do tempo, com temas românticos e outros de forte conotação social: “O meu amor / Tem um jeito manso que é só seu / E que me deixa louca / Quando me beija a boca / A minha pele toda fica arrepiada / E me beija com calma e fundo / Até minh’alma se sentir beijada, ai…” (“O meu amor”) // Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / De vinho tinto de sangue”… (“Cálice”). E vieram muitos outros sucessos amparados na expressiva poesia das músicas, dentre outras, “Construção”, Apesar de você”. “Roda Viva”, “João e Maria”, “Beatriz”, “Vai levando”, etc… etc… etc…
As melodias são suas, ou de outros famosos parceiros, como Edu Lobo, Milton Nascimento, Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Toquinho, Francis Hime, Caetano Veloso, etc. Hoje ele tem um significativo e incomparável conjunto de mais de trezentas canções!…
Mas, além de poeta e compositor, ele, FRANCISCO (CHICO) BUARQUE DE HOLLANDA, é escritor, tendo escrito livros como “Gota d’água”, “Leite derramado”, Budapeste” e outros, além de peças como “Roda Viva” e a “Ópera do Malandro”.
Pois bem, neste 2019, ano em que já completou 75 anos, ele receberá em Setembro, em data ainda a ser informada, “O MAIOR PRÊMIO DE LITERATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA: O PRÊMIO CAMÕES”, pelo “CONJUNTO DA OBRA”. Assim, ele ingressará num seleto grupo de, com ele, 13 brasileiros vencedores desta grande láurea: João Cabral de Melo Neto (1990), Raquel de Queiroz (1993), Jorge amado (1994), Antônio Cândido (1998), Autran Dourado (2000), Rubem Fonseca (2003), Lygia Fagundes Telles (2005), João Ubaldo Ribeiro (2008), Ferreira Gullar (2010), Dalton Trevisan (2012), Alberto da Costa e Silva (2014), Raduan Nassar (2016), e… Francisco (Chico) Buarque de Hollanda (em 2019).
Quando recebeu a notícia da magna premiação (no valor de cem mil euros), ele estava jantando, em Paris, e surpreso, assim se manifestou:
– “Fiquei muito feliz e honrado de seguir os passos de Raduan Nassar.” (Jornal “O Globo”, de 22/05/2019).
Parabéns, CHICO BUARQUE”! ainda há muito a viver e escrever as belezas que você continua a nos presentear! Porque “a gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando / A gente vai levando essa chama!”