Era um dia cinzento, chuvoso, friorento… Desses em que não dá pra sair ou fazer qualquer coisa… A vontade é mesmo procurar algum calor, debaixo do cobertor… Foi o que fiz, levando comigo um dos meus livros mais amados: “OS CEM MELHORES POEMAS BRASILEIROS DO SÉCULO”, com a seleção de ITALO MORICONI, lançado em 2001. E assim, em meio ao aconchego das cobertas, saboreava qualitativa poesia… e marcava com o lápis, os versos que mais me tocavam o coração… Versos que agora trago, alguns, para o leitor que também aprecie a beleza poética…: “Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que eu não era Deus / se sabias que eu era fraco.” CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, “Poema de sete faces” // “Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei / Lá tenho a mulher que eu quero / Na cama que escolherei / “Vou-me embora pra Pasárgada.” MANUEL BANDEIRA, “Vou-me embora pra Pasárgada” // “A mão que afaga é a mesma que apedreja,” AUGUSTO DOS ANJOS, “Versos íntimos”. // “Hora de comer – comer! / Hora de dormir – dormir! / Hora de vadiar – vadiar! / Hora de trabalhar? / – Pernas pro ar que ninguém é de ferro.” ASCENSO FERREIRA, “Filosofia” // “Eu possa me dizer do amor (que tive): / Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure.” VINICIUS DE MORAES, “Soneto de fidelidade”. // “Quem faz um poema abre uma janela. / Respira, tu que estás numa cela / abafada, / esse ar que entra por ela. / Por isso é que os poemas têm ritmo / – para que possas profundamente respirar. / Quem faz um poema salva um afogado.” MARIO QUINTANA, “Emergência”. // “Vai ser coxo na vida é maldição para homem / Mulher é desdobrável. Eu sou.” ADÉLIA PRADO, “Com licença poética”. // “Minha terra tem palmeiras / onde canta o tico-tico. / Enquanto isso o sabiá / vive comendo o meu fubá.” CACASO, “Jogos florais”. // “Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.” HILDA HILST, “Do desejo” // “Um girassol se apropriou de Deus: foi em Van Gogh.” MANOEL DE BARROS, “Uma didática da invenção.” // “E eu morrendo! E eu morrendo / Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo / Tão bela palpitar nos teus olhos, querida, / A delícia da vida! A delícia da vida!” OLAVO BILAC, “In extremis” // “Eu canto porque o instante existe / E a minha vida está completa. / Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.” CECÍLIA MEIRELES, “Motivo” //
E em meio a tanta beleza e tanta delicadeza, poeticamente adormeço!…