Nascido na cidade histórica de São João del-Rei, ainda menino Fernando Pacheco se mudou com a família para Belo Horizonte, onde vive até hoje. Veranista em Saquarema, desde a adolescência, onde seu pai tinha uma casa no Boqueirão, o jovem frequentava o círculo literário de Carlos Heitor Cony, nos anos 60. Mas foi em Saquarema que ele teve contato direto com a pintura a óleo, no atelier do pintor russo Wladimir Obrescoft, um artista que fabricava suas próprias cores.
Nos anos 70, Fernando frequentava o Núcleo de Atividades Artísticas (NAC) da pintora e ceramista Arlinda Côrrea Lima, aluna do genial pintor Guinard, quando participou de uma exposição coletiva no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, realizando em seguida sua primeira exposição individual. Então não parou mais. Em sua brilhante trajetória como artista plástico, participou de grandes exposições e ganhou vários prêmios no Brasil, tendo participado também de exposições no exterior. Em 2006, inaugurou o painel “Voar” no aeroporto Tancredo Neves, em Confins, região metropolitana de Belo Horizonte, que passou este ano por uma obra. O painel, então, foi reinaugurado no salão principal, no dia do aniversário de 70 anos de Fernando Pacheco.
INSPIRAÇÃO
Com uma obra presente em vários acervos culturais, fundações, universidades e coleções particulares, Fernando Pacheco está também nos principais museus do Brasil e exterior. Com exposições na Ásia e Oceania (Taiwan, China e Nova Zelândia), Pacheco é um artista do mundo; mas é em seu atelier na Pampulha, em Belo Horizonte, onde mantém o Centro de Artes Fernando Pacheco, que se sente um cidadão. Porém, no verão, passa longas temporadas em seu atelier em Barra Nova, Saquarema, mirando o mar – ao lado de sua esposa Nina, curadora de suas exposições – pintando telas, objetos, garrafas e pedras.
“É muito poética essa produção em Saquarema”, diz Fernando. “Aqui não tem galeria, não tem marchand. Saquarema é uma belíssima inspiração para qualquer gênero de arte”, considera o artista que anda pela praia catando pedaços de madeira que ele pinta e transforma em arte. Em 2019, Pacheco recebeu da Assembleia Legislativa de Minas Gerais uma Moção por sua trajetória artística. E foi homenageado pelo Clube da Esquina, grupo musical vinculado à carreira do compositor e cantor Milton Nascimento, em Belo Horizonte, por seus 70 anos.
Enquanto relembra tudo isso, no alto verão de janeiro, curte no calor do calçadão de Saquarema, um sorvete com calda. Depois, posa para uma foto na Praça do Canhão, aliás Praça Antenor de Oliveira, o grande pintor de Saquarema, depois de visitar o poeta Chico Peres, na Prefeitura, como se fosse um antigo colega, um companheiro ou um verdadeiro irmão.