Não. Não vou escrever sobre o “coronavírus”. Já não aguento mais. Tenhamos cautela, fé… e sigamos em frente! Mas pior, muito pior do que a SOLIDÃO consequente do isolamento social a que todos estamos submetidos em virtude da atual pandemia, é a SOLIDÃO a que se referiu Clarice Lispector na sua frase: “E ninguém é eu e ninguém é você. Isto é a solidão”. Pois é, foi com esta frase, que vi fixada numa das paredes do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio, em longínqua exposição, que meu coração foi tomado de assalto, e fiquei, para sempre, cativa das obras dessa grande escritora, que completa o seu Centenário de Nascimento em 10 de dezembro de 2020.
“Ela viveu no Rio durante 28 dos seus 56 anos. E um dos seus passeios de quase todos os domingos”, segundo nos conta Teresa Montero, em seu livro “O Rio de Clarice – passeio afetivo pela cidade”, era ir ao Cosme Velho, para conversar um pouco com Augusto Rodrigues. Ele morava no Largo do Boticário. Segundo Clarice, ele morava “num dos lugares mais bonitos do Brasil. Entre árvores e borboletas”.
“Deitava numa rede – em casa de pernambucano não pode faltar uma, – Clarice entrava em sintonia com seu conterrâneo, artista raro, um misto de poeta, pintor e edutador” – relata-nos Teresa Montero.
“Nessa relação, Augusto fazia questão de frisar, ele era o discípulo e ela a mestra. Não se tratava de uma escritora e de um artista plástico: eram simplesmente amigos conversando sobre a vida” – complementa Teresa Montero.
E segundo palavras muito significativas de Augusto Rodrigues: “Era a visão daquela mulher bela dizendo coisas muito simples, mas que alguém que tivesse sensibilidade perceberia que o simples nela era o transcendente. Eu procurava, no fundo, entender as coisas através de Clarice.”
“O SIMPLES NELA ERA O TRANSCENDENTE.” Não esqueçamos a frase do sábio Augusto Rodrigues.
Não sei se o amado leitor sabe que existe o “Espaço Clarice Lispector”. Inaugurado em 09 de dezembro de 2012, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, ás margens do Lago Frei Leandro. “É um recanto com seis bancos, cada um com uma frase de Clarice alusiva ao Jardim Botânico. O local foi escolhido pelo filho da escritora, Paulo Gurgel Valente. A seleção das cinco citações foi de Teresa Monteiro. Eis uma delas: “Sentada ali num banco, a gente não faz nada: fica apenas sentada deixando o mundo ser.”
VIVA CLARICE! Para sempre, Clarice Lispector!